Ouvimos a primeira coletânea do Apocalipse 16 em mais de dez anos - Muita Treta. Confira nosso review

Quase dez anos após o álbum final do Apocalipse 16, o CD de mixtapes e inéditas Árvore de Bons Frutos (2010), é chegada a primeira coletânea retrospectiva de uma das maiores bandas da história do rap brasileiro. Muita Treta, distribuído pela Radar Records, teve a missão de selecionar canções de uma das melhores discografias dos anos 2000. No entanto, o resultado é uma das maiores catástrofes quando se trata de coletâneas no cenário evangélico.

Compilações raramente foram levadas a sério no meio cristão. Nesta década, inclusive, apenas Nívea Soares em 10 Anos (2013) e Resgate em Pretérito Imperfeito, Mais que Perfeito (2011) se preocuparam em criar uma linha narrativa de sua própria história e arte, o que tornaria projetos de greatest hits relevantes muito além de seu óbvio impacto comercial. Isso indica um problema macro de memória e imediatismo: Artistas evangélicos e gravadoras, de forma geral, em pleno 2019, ainda não aprenderam a zelar de seu próprio catálogo.

No caso do Apocalipse 16, conseguir criar transições entre a fase gangsta de 2ª Vinda, a Cura (2000) até o som versátil de D´Alma (2005) não é lá uma missão fácil. A coletânea 10 Anos (2006), por exemplo, preferiu reverenciar o passado. Já Muita Treta parece não ter tido nenhum sinal de planejamento. As faixas são todas oriundas do projeto Ao Vivo, de 2006, em uma tracklist caótica. Tão estranha a nível de Intro ser a segunda faixa.

Não há transições entre as canções. Os títulos das faixas estão incorretos, como o caso de "Tributo a Iehovah" ser chamada unicamente de Tributo. O projeto gráfico – se pode ser chamado por este nome – não acompanha a criatividade presente em projetos como Antigas Ideias, Novos Adeptos (2001). Muita Treta é o exemplo perfeito de como coletâneas de artistas não devem ser.

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Muita Treta

(CD) 01/19

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