Análises

Relembramos um dos maiores sucessos de Rose Nascimento - Sempre Fiel. Confira nosso review

Georgeton Leal em 31/03/16 2750 visualizações
Após o bem sucedido Mais Firme do que Nunca (2001), Rose Nascimento não perdeu tempo em preparar um novo projeto que pudesse dar continuidade à exploração de novas influências. Recém-contratada pela ainda novata gravadora Zekap Gospel, a cantora procurou arriscar em algo diferente do que já havia feito, aproveitando a onda de sucesso da vertente pentecostal bastante elucidada por Cassiane no final dos anos 90.

Em se tratando de um trabalho musical de Rose, a produção de Paulo Roberto e Ronald Fonseca em Sempre Fiel revelou-se uma novidade, visto que ambos estavam trabalhando em um terreno até então pouco conhecido para muitos produtores. As colaborações do guitarrista Bene Maldonado e do baterista Sylas Jr., ambos do Fruto Sagrado, também trouxeram nuances substanciais à obra. O resultado desta empreitada acabou gerando um disco que conseguiria trazer inovação com o devido respeito às raízes musicais da cantora. A sonoridade mais fluída e corretamente aplicada não precisou apelar para os famosos exageros que, a essa altura, já começavam a se perpetuar nas produções pentecostais.

Se valendo principalmente de compositores veteranos de renome, Sempre Fiel presenteia seus ouvintes com um repertório equilibrado e eficaz.

Som do Clarim é uma abertura digna de nota, apresentando o tradicional estilo dos corais numa levada bem pop e empolgante. Deus está no Controle e Deus está Contigo são canções de ânimo e consolo, daquelas que não podem ser meramente confundidas com mensagens de autoajuda. Manda Glória é um forró típico dos “corinhos de fogo”, abordagem que nunca faltou nos trabalhos de Rose desde a época do álbum Cinco Letras Preciosas. A faixa Só Jesus Faz tem uma proposta similar ao Fiel Toda Vida, porém acaba por ser melodicamente menos atrativa, mas nem por isso deixa de ter um valor singular.

É inexplicável e Exalte ao Senhor seguem as cadências e letras peculiares que virariam clichê no gênero, mas que aqui ainda mantinham certa distância do antropocêntrico discurso triunfalista. Privilegiadas é uma ritmada e honrosa homenagem a todas as mulheres de oração enquanto Pra sempre vou Cantar e Santo possuem as linhas melódicas mais bem trabalhadas da sequência, ambas se destacando igualmente pela temática de cunho mais vertical. Fugindo um pouco do costume, a faixa-título ficou como penúltima, mas sem causar aquela impressão de “música deslocada na setlist” justamente por se tratar de um hit forte que independe de posição. Fechando o disco de maneira prudente e sem muita cerimônia, Veio do Céu testifica sobre a providência divina na vida daqueles que clamam ao Senhor com fé e confiam nEle.

Claramente, não há dúvidas de que este é um dos maiores sucessos de Rose Nascimento, garantindo à artista milhares de cópias vendidas em todo Brasil, além de ter gerado o DVD Ao Vivo, gravado no Olímpia em 2002. Outro dado interessante é o fato do álbum físico possuir duas edições totalmente distintas no tocante ao encarte, sendo que ambas foram lançadas no mesmo ano (a primeira teve supostamente apenas uma tiragem). Não muito tempo depois, a edição mais recente chegou a ser distribuída também pelas gravadoras Graça Music e MK Music.

Por fim, Sempre Fiel funciona como um disco de transição e ainda consegue atender às expectativas em todo seu desempenho, sendo convincente e maduro ao mesmo tempo. Um avanço fundamental na carreira de Rose Nascimento rumo à sua consolidação na música cristã nacional.

Nota: ★★★★☆
Sempre Fiel

(CD) 01/02

(4,0/5)
Total de votos: 1

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Georgeton Leal

Professor formado em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e blogueiro literário nas horas vagas.


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