Análises

Ouvimos o segundo trabalho do Switchfoot, New Way to Be Human. Confira nossos comentários

Thiago Junio em 07/11/15 1099 visualizações
New Way to Be Human, o segundo trabalho do Switchfoot é, sem dúvida, um progresso em forma de arranjos. Sendo o álbum anterior orientado pelo post-grunge, o sucessor apresentou canções mais trabalhadas e marcantes, sem grandes mudanças no estilo musical. As composições, em sua maior parte, foram creditadas a Jon Foreman. A execução das faixas ficam a cargo do power trio formado pelos irmãos Jon Foreman (vocal e guitarra) e Tim Foreman (baixo e backing vocal), e com Chad Butler na bateria, contando ainda com outros convidados especiais para execução de algumas faixas. O projeto foi gravado e distribuído pela gravadora Re:think Records e produzido por Charles Peacock.

A primeira canção e single da obra, a faixa-título, introduz bem o CD. Começando com um violão, alguns toques de guitarra, baixo, teclado e uma bateria acompanhando no fundo, já diz bem o que será o segundo álbum da banda, uma mistura de melodias acústicas, lentas, velozes e alternativas. Sua letra se sobressai como o ponto forte, falando de um eu lírico procurando um jeito de viver e encontrando esta forma.

Incomplete, com seu riff de introdução, e um estilo meio rock alternativo semelhante ao rockabilly “Oh Pretty Woman”. A canção, falando de um ser incompleto procurando alguém para completá-lo, desempenha bem seu papel e, seguindo a faixa anterior, mostra o melhor do álbum. O refrão tem uma pegada post-punk.

A terceira melodia, Sooner or Later (Soren’s Song) demonstra a habilidade conceitual de Jon Foreman ao citar filósofos nas suas composições. A música, calma e com dedilhados simples de guitarra, tendo direito a sons de violinos e outros, até ganhar um peso no meio da sua duração, faz referência às ideias do filósofo existencialista e cristão Søren Kierkegaard de que há uma realidade conflitante no mundo a qual os homens terão que lidar algum dia. Cita também a ideia do filósofo Jean Paul Sartre de que os homens estão condenados a serem livres. A beleza da composição é notada em uma desenvoltura de trabalhar bem com palavras instigando ao ouvinte a pensar e entender a mensagem da letra. A citação kierkegaardiana foi uma escolha perfeita, pois este autor fez reflexões interessantes acerca da identidade humana, ideia trabalhada no álbum.

Company Car, a quinta faixa, é uma das composições mais conhecidas do projeto. Destacam-se os instrumentos de sopro encontrados na melodia e a construção da letra, detalhando a vida de um cara que tem um alto cargo e o carro da empresa, mas continua sendo um nada e um ser vazio. Ótima letra, ótima mensagem, ótima música.

A sexta composição do CD, Let That Be Enough, é uma faixa acústica de voz, violão e teclado. Uma canção de arranjo sem excentricidades, mas com uma bonita letra sobre solidão e a vontade de se repousar em Deus.

Something More (Augustine’s Confession) é uma das melhores composições do álbum. Citando “Confissões”, um livro de um dos pais do cristianismo, Santo Agostinho, tem um arranjo introduzido por riffs de guitarra pegajosos e um refrão com um backing vocal notável. Uma canção com fortes características do post-punk, principalmente no refrão.

A sétima canção, Only Hope, é sem dúvidas a melhor e mais esplêndida composição do álbum. Uma das canções mais conhecidas do Switchfoot, uma melodia semiacústica, com graciosos toques de violino, um belo dedilhado de violão, acompanhada por sons de teclados e em algumas partes por guitarra aliado a uma letra de amor a Deus (a canção é usualmente entendida como uma música romântica), constroem um verdadeiro hit da banda.

Amy’s Song, sem grandes detalhes, apresenta toques suaves de violão. Fala da garota Amy, uma simbologia a uma pessoa que vive sua vida centrada em Cristo, e que está viva em um mundo morto, em uma bela construção de versos, característica notável da banda quando querem escrever algo.

A penúltima faixa, I Turn Everything Over, é uma boa canção que expressa a fraqueza e a decadência humana em comparação com a grandeza de Deus, nossa única esperança. A última composição do álbum, Under the Floor é uma devoção a Deus e de reconhecimento de Sua glória. Apesar de sua simplicidade, após o final há um encantador conjunto de vozes mais instrumentos finalizando a melodia e o álbum.

New Way to Be Human representa um bom avanço na carreira da banda, em comparação ao último álbum, notado em suas composições e na criação de canções mais impactantes. Jon Foreman nesse CD mostra novamente seu dom de compor letras sem pieguices e clichês, com versos poéticos e complexos que retratam e buscam a vida de Deus sem falar diretamente de Deus, em virtude da fraqueza e superficialidade humana. O disco é simples e essa característica é que o embeleza, não se apega a clichês musicais, a sonoridades densas.

Thiago Junio é editor no portal O Propagador.
New Way to Be Human

(CD) 01/99


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