Análises

Ouvimos o primeiro trabalho do Switchfoot, The Legend of Chin. Confira nossos comentários

Thiago Junio em 27/02/16 2215 visualizações
Para um primeiro lançamento do Switchfoot, The Legend of Chin demonstrou uma boa criatividade tanto nas letras como nos arranjos. Nesse trabalho, o grupo esbanjou na complexidade e reflexão em suas abordagens, como o vazio humano, sentimentos e assuntos do cotidiano. A gravação é creditada ao power trio formado por Jon Foreman, Tim Foreman e Chad Butler, o que faz de uma obra tão criativa tornar-se notória por ser executada por apenas três pessoas. As músicas foram compostas pela criatividade de Jon Foreman, com exceção de Underwater, que foi escrita por Jon em parceria com Casey Gee. A capa e o título do projeto faz referência a um amigo dos integrantes da banda chamado Chin.

A primeira canção, o post grunge Bomb, começa com uma bela introdução de baixo e de acordo com o andamento da música ganha peso até terminar com a mesma leveza da introdução. Música com dissonantes, dedilhados e riffs de guitarra, a segunda melhor melodia. O mais notável e legal nessa canção foi o baixo. Ótima música de introdução. A letra faz referência a um vazio do eu lírico clamando a Deus para que possa preencher esse espaço. O vazio é a bomba que ele vive. Uma letra criativa e legal.

Chem 6A é a melhor música do álbum, o primeiro single da banda, com direito a um videoclipe. Começando com falas no início, a música segue uma linha bastante grunge. Nessa, Jon Foreman caprichou nos riffs de guitarra, mostrando alegria. O guitarrista a compôs se referindo a um curso acadêmico de Química que ele fez na Universidade de San Diego. Os versos se referem à preguiça de estudar, tentar resolver seus problemas e mudar o mundo. Esse problema se reflete na sociedade como uma falta de esforço do homem para resolver suas dificuldades. Uma ótima letra e complexa.

Outra ótima música, Underwater segue a linha alegre e alternativa das primeiras canções. Riffs interessantes de guitarra e mais ou menos no final da música, ela ganha um estilo meio blues novamente até aumentar o peso e voltar para o rock alternativo. Sua letra é bastante complexa. Ao que parece, uma moça vive sua vida correndo contra o tempo tentando saber qual o sentido de tudo e assim vive seu tempo. Mas ela não consegue e sempre falha. Numa parte mais complexa ainda, usando de metáforas, a letra parece passar uma ideia sobre a morte dessa moça, que perde todos seus objetivos. O que se pode tirar dessa canção é sobre a busca cega do homem sobre o sentido da vida, mas não consegue encontrar. Algo que deveria ser buscado em Deus.

Edge Of My Seat também é ótima, e começa lentamente com piano e voz, até ficar mais rápida como as músicas anteriores com a entrada da guitarra, do baixo e da bateria. Bons riffs de guitarra. Como sempre, outra letra complexa e poética. O que poderia tirar dela, é sobre uma articulada declaração de amor. Ele está dizendo que não sabe o que tem no futuro, nem o que espera por ele, mas quer que uma garota ande com ele na vida, uma menina que conheceu e que não pode esquecer. Deseja que ela ande com ele na montanha-russa fazendo alegoria a uma vida vivendo do lado do seu amor.

Diferente das primeiras músicas, Home já segue um estilo mais calmo. Primeira balada do álbum, segue com belos dedilhados e acordes de violão. Uma bela canção e um ponto forte do Switchfoot de fazer canções desta categoria. Nessa, entram violinos que executam belas notas, o ponto forte da melodia. Agora, o mais notável dessa canção é a letra, bastante poética, que fala da longa caminhada até a eternidade. Em partes dessa letra como “Parar para pensar em todo/ O tempo que eu tenho perdido/ Começar a pensar em todas as/ Pontes que eu tenho consumido/ Que devem serem cruzadas” confessam sobre o tempo perdido em coisas passageiras e sobre caminhos que deveriam ter seguidos. Fala sobre tudo está no controle de Deus e que não devemos parar nessa longa caminhada, a longa caminhada para nossa “Home”. Essa é a melhor letra do disco.

Might Have Ben Hur segue alternando riffs calmos e dedilhados entre riffs rápidos. A interpretação de Jon Foreman com agudos em algumas partes é interessante e até cômica. A letra, outra confissão de amor, fala sobre o eu lírico pensando que poderia ter sido aquela garota que amava que ele compartilharia seus sonhos e fracassos, que ele poderia ter confiado, mas que pelo “Poderia ter sido ela” não estava com ele e assim o deixou triste.

Concrete Girl é uma música meio pedante, segue também alternando entre longos dedilhados calmos e curtos riffs potentes. A letra fala sobre problemas que acercam uma garota, que balançam seu mundo, mas como uma palavra de conforto do eu lírico, ele fala para ela sobreviver a isso tudo e continuar vivendo. Uma ótima letra que descreve sem feminismo o verdadeiro valor de uma garota.

Life and Love and Why começa com um dedilhado suave de guitarra. E assim, como algumas canções dessa obra, ganha peso com o tempo. Segue alternando entre esses dois pólos. Contém uma ótima letra, reflexiva e poética, falando sobre a busca fútil de coisas que possam preencher o vazio humano, lhe darem alegria, e há um questionamento sobre isso tudo. A alegria ansiada só poderia ser encontrada em Deus, que descrita na canção como uma súplica pela resposta para o vazio humano.

Outra balada, You seguindo a linha de “Home”, é um belo registro. Contém toques de violinos, não tão atraentes como “Home”. A canção tem uma linda e poética letra que descreve sobre a esperança não ser encontrada em nós, nos homens, mas em Deus. Uma esperança encontrada em Deus mesmo nas decepções humanas, em suas fraquezas. E assim, o eu lírico espera perder-se de si mesmo e se encontrar em Deus.

Ode to Chin é mais alegre e animada como as primeiras faixas. A letra tem um tom reflexivo e bem poética, e como sempre ótima. Questiona sobre nossas visões, nossas escolhas, e que Deus é maior que isso, maior que palavras. Então num convite do eu lírico, ele nos pede para firmar nossa vida em Deus, nossa visão nEle.

Uma música acústica do disco, Don’t Be There segue numa linha suave com violão e a entrada de toques de violinos. Boa canção, que lembra canções que podem ser tocadas em bar. Jon Foreman a compôs porque estava passando por um período difícil na vida pela perca de uma amizade. A letra se baseia na melancolia da separação e a preocupação do cantor com o seu amigo em que havia se separado. Como sempre, letra poética e complexa.

Bom álbum para um primeiro lançamento, letras complexas, poéticas e belas, arranjos criativos mesclando alegria e suavidade, e, em resumo, um disco simples, como o posterior. A capa é interessante, mas não muito chamativa, lembrando algo mais clássico e antigo. Pela letra “Ode to Chin”, essa capa poderia se referir a um projeto de reflexão a vários “chins” no mundo. Jon Foreman interpreta bem as músicas nesse álbum, sem exageros. Switchfoot demonstrou que viria a ser a melhor banda de rock alternativo.

Thiago Junio é editor no portal O Propagador.
The Legend of Chin

(CD) 01/97


Seja o primeiro a avaliar

Ouça e dê sua nota

Ouças as músicas e saiba mais sobre: Switchfoot

Veja também no Super Gospel:


Comentários

Para comentar, é preciso estar logado.

Faça seu Login ou Cadastre-se

Se preferir você pode Entrar com Facebook