Análises

Ouvimos o primeiro disco da banda Tanlan - Tudo o que eu queria. Veja nossos comentários.

Gleison Gomes em 15/08/11 6143 visualizações
Na natureza há um inseto geralmente de cor verde que, quando está parado, nos lembra uma pessoa orando, daí ele ser chamado popularmente de Louva-a-Deus. Mas o que isso tem a ver com música? Pois é, esse inseto não-venenoso que utiliza suas pernas velozes para agarrar seu alimento, além de ser detentor de um super vôo, passou a ser bastante admirado na china e dá nome a uma modalidade de Kung Fu chamada Tan lan.

E baseando-se nisso surge a inspiração do nome para a banda Tanlan. Formada em 2004 é composta por quatro integrantes: o pernambucano Fábio Sampaio (vocalista, guitarrista, programador e compositor) e os três gaúchos, Fernando Garros (percussionista e batera), Tiago Garros (baixista e backing vocal) e Beto Reinke (no backing vocal, violão, e guitarra).

Inicialmente tinham a proposta de tocar um som mais leve, com violão e tal, mas acabaram indo mesmo para a vertente do rock. Em 2008 lançaram Tudo que eu queria, álbum de estréia com 13 músicas, produzido pela própria banda com mixagem e masterização de Kiko Ferraz, um conhecido produtor gaúcho.

A música da Tanlan é espontânea e alegre. Suas letras convidam o ouvinte a sair da zona de conforto da mesmice, exigindo uma maior reflexão para compreender metáforas bem boladas, tudo isso com refrões que se pega com os dentes. Vejamos algo sobre as músicas desse disco.

A primeira faixa intitula o disco. Tudo que eu queria vai de encontro aos nossos desejos reais, tipo “Tudo que eu queria era descansar no verão, Não ter aula todo dia e não sofrer sem razão, Tudo que eu queria era não ter feito mamãe chorar, Tudo que eu queria era encontrar meu lugar”.

A faixa dois é Bem vindo. Assim que a ouvi me bateu uma sensação de já te-la ouvido em algum lugar, tempo depois me caiu a ficha que não a tinha ouvido. A sensação veio pelo fato da letra dela assemelhar-se a tradução de “Dare you to move”, da banda americana Switchfoot. Veja bem, disse assemelhar-se, pois apresenta suas peculiaridades.

Na sequência é entoada Quando eu vejo que versa basicamente sobre os reveses da vida, como a injustiça e a canseira que isso nos dá.

A seguir temos Castelo, que é um convite a filosofar sobre a vida e o rumo que tomamos. Não devemos “Viver a vida inteira, se escondendo do que é real, Andando pelas beiras, viajando no seu irreal, Castelo de areia, onde vão quebrar as ondas do mar, E o que será da vida? Sem esperança ou fé no amanhã, Só as lembranças te fazem sonhar”.

Em É mais, ouvimos a pura poesia de exaltação ao amor, afinal o que pode ser “mais do que as vozes que te deixam surdo”(...) o amor (...) “É mais do que os medos que da noite você tem, É mais do que as coisas que tua mãe te disse, É mais do que as vezes em que já se arrependeu, É muito mais que todos os teus erros juntos, Mais do que tudo que foi um dia, Mais do que o sol da manhã, Mais do que toda vergonha e mentira”.

Cada segundo revela o desejo de encontrar, pois você “É o ar que eu respiro e o sol que me aquece, É o mar que eu mergulho e o céu que eu sonhei”.

Eu sei, lamenta-se que mesmo sendo um cara legal, buscando fazer a coisas certas o quadro dificilmente se alterará. “Mas eu sei de um lugar, Alguém sem medo de amar, Que fez de tudo o melhor pra mudar, Sei que existe um lugar, Alguém sem medo de amar, Que fez de tudo o melhor pra mudar”.

Aonde vou é uma pergunta que a maioria das pessoas não sabe responder. Já pensou se você sentasse num parque todo florido e cheio de borboletas bailando no ar, em pleno outono, e de repente lhe sobreviesse essa questão? Aonde vou? O que será? É inusitado, mas“Toda a beleza da criação tudo é reflexo de tuas mãos, Uma vontade e houve a luz, Um sentimento e trouxe a cruz, Para que todos saibam dizer”(...).

Em Marionetes, a vida é o limite dos cordões, onde não se pode deixar controlar. Nos chamam a atenção para “Quando vai descobrir que não passa de um brinquedo, Nas mãos de alguém que não quer saber de ti, Que só quer te destruir e trocar por outro, Que não aprendeu o que eu tento te dizer aqui”(...)

A décima música, Simplesmente, como o próprio nome denota, é sem complicação, depois de “Olhar, então, Em Suas mãos as marcas de uma razão, Em Seu olhar pude entender, Qual a razão de se viver” é “Simplesmente sentir, Simplesmente entender, Simplesmente entregar minha vida”.

Na canção Aprender é relatado as posturas cômodas das pessoas, que botam culpa em A ou B, e se recusam a aceitar os seus erros. Nos perguntam“Quando vamos aceitar, Todos temos tanto pra melhorar ,Quando vamos entender, Antes de mudar, Temos que aprender”... e é interessante que a banda, nessa música, nos prende a atenção para descobrir o que é que temos que aprender, e no final dela...seria legal se eu também não dissesse e você mesmo ouvisse o que temos que aprender...mas acho que vou acabar dizendo...que temos que aprender...a ...amar!

Na música Vim dizer, não preciso nem falar nada, eles já que vieram dizer, então digam a que vieram “vim dizer o que há em minha vida(...) Vim pedir o teu perdão,Teu amor em minha vida, Sem palavras pra dizer, Vou viver pra te amar”.

Fechando o repertório curtimos a faixa Tempo, que é uma reflexão profunda acerca desse abstrato implacável.

A meu ver esse é um trabalho que foge à normalidade, muito bom, ainda mais por ser o de estréia da banda.

Em seu site, [www.tanlan.com.br] a banda vem disponibilizando algumas músicas inéditas. Uma delas chama-se “Fingir” e a outra intitula-se “De onde vem”, que recentemente também ganhou uma bacana versão remix.

O Tanlan também fez parte da coletânea romântica intitulada Amor D+, lançada pela Sony Music Gospel.
Tudo Que Eu Queria

(CD) 01/08


Seja o primeiro a avaliar

Ouça e dê sua nota

Ouças as músicas e saiba mais sobre: Tanlan

Veja também no Super Gospel:

Gleison Gomes

Historiador, apreciador de música, filmes e bolo de abacaxi.


Comentários

Para comentar, é preciso estar logado.

Faça seu Login ou Cadastre-se

Se preferir você pode Entrar com Facebook