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Confira nossa conversa com Maurício Soares sobre música digital e campanha #TrocoLikesPorStreams

Redação em 02/08/17 1325 visualizações

Como A & R de uma gravadora multinacional, que detém hoje um cast com alguns dos principais nomes do meio evangélico, qual a principal mudança que você observa em relação a realidade atual de consumo de música e a época onde as vendas de CDs eram o parâmetro de mercado?

O mercado gospel tem várias particularidades que o distingue do ambiente secular. Uma destas características próprias tem a ver com a demora nas mudanças. Este me parece ser um ambiente em que as grandes transformações demoram sempre um pouco mais a acontecer e estamos vivenciando isto no momento atual em que nos deparamos com a transição do consumo de música através dos formatos físicos para o digital. Neste momento em que o consumo de música vem crescendo vertiginosamente no mundo todo através dos aplicativos de áudio streaming, ainda percebemos que o público evangélico no país não está totalmente engajado neste novo modelo. O interessante é observarmos neste momento que as vendas físicas despencaram no mercado gospel, mas este público consumidor ainda não se identificou com o consumo de música pelos apps de áudio streaming. Há um público bastante grande de consumidores de conteúdo gospel que estão migrando do CD para o YouTube. E confesso que isso não é bom porque a qualidade do áudio é inferior e mais do que isso, a forma de se consumir é bem diferente do que temos nas plataformas de áudio streaming. Antigamente tínhamos vários artistas de música gospel destacando-se em vendas de discos no Brasil, muitas das vezes rivalizando com grandes nomes da MPB. Com a migração para as plataformas digitais, nossos artistas não mantiveram a boa performance que tinham no tempo do CD. Ou seja, temos um problema que precisa ser resolvido neste momento.

Nossa equipe tem estudado o assunto e temos observado que é necessário, entre outras opções, principalmente, a mudança de cultura do nosso segmento. Como você tem acesso também ao cast "secular" da Sony, como você avalia performance do gospel em relação ao "secular"? 

Muitos artistas seculares já entenderam o novo ambiente e novas demandas do mercado da música em tempos digitais, mas não são todos que estão tão engajados assim. No entanto, os artistas seculares contam com estruturas de suporte e escritórios que conseguem suprir estas falhas e posicionar o artista corretamente. No meio gospel não só temos poucos artistas que estão, de fato, antenados com as tendências, ferramentas e tecnologias, como estes também não contam com assessorias de marketing digital para atendê-los. Além disso, some-se o fato de que o grande público do gospel ainda não foi impactado pela mudança dos hábitos e da cultura. Há um desconhecimento bem grande neste momento, não só de artistas e do público em si, mas também das próprias gravadoras que atuam neste segmento, além dos formadores de opinião, mídias, enfim... o ambiente neste momento não está tão favorável para as mudanças que se fazem muito necessárias! 

Todo o mercado evangélico tem abraçado a volta da Expo Crist em São Paulo. Inclusive, essa semana, foi divulgado pela assessoria de imprensa da feira, que todos os espaços para stand já estão esgotados. Como você vê a volta desse evento que marcou a história recente da música cristã contemporânea?

Sou entusiasta de toda iniciativa em prol do mercado gospel. A Expo Cristã acompanho e participo desde sua primeira edição. Quando soube da possibilidade do retorno da Expo Cristã em São Paulo, imediatamente me engajei no projeto e de alguma forma venho apoiando para que esta feira seja tão grande e relevante como foi no passado. A Sony Music estará representada por mais de 50 artistas do cast da gravadora. Teremos artistas de nosso cast em diversos eventos paralelos, em shows no palco principal e ainda teremos coletivas de imprensa, workshop sobre o mercado digital e até uma iniciativa inédita onde as gravadoras reunidas atenderão a jovens artistas em busca de um espaço no mercado. Que a Expo Cristã seja um sucesso!

Lembramos que, no auge da Expo, os artistas se planejavam para realizar seus lançamentos na Feira. Era uma data quase festiva. Agora, com o consumo de música no formato digital, como você enxerga a funcionalidade do evento?

Em outros tempos cheguei a ter stand de 420 metros quadrados e com mais de 200 mil CDs e DVDs para pronta entrega. Uma logística surreal, muito trabalho, sem dúvida vivíamos intensamente a Expo. Nesta edição teremos 35 metros quadrado de área em nosso stand e nem um único CD ou DVD. Novos tempos (e confesso que estou adorando toda esta leveza, rs!) e precisamos saber trabalhar de acordo com as novas demandas. A participação da Sony Music na Expo Cristã como em qualquer outro evento do tipo tem agora dois objetivos: contato dos artistas com as mídias presentes e interação dos artistas com o público apresentando suas canções e estimulando-os a consumir as músicas pelos apps de áudio streaming.

Temos observado nas redes sociais, desde maio desse ano, o movimento #TrocoLikesPorStreams. Poderia deixar para os nossos leitores uma explicação sobre essas ações?

Em função de tudo o que falamos nas respostas acima nos sentimos impelidos a agir e buscar uma reversão no atual cenário do mercado gospel no tocante às plataformas digitais, especialmente no áudio streaming. Se somarmos os 3 maiores artistas do meio gospel em números de streamings no Spotify, não alcançaremos 1 milhão de ouvintes mensais por mês. É um número tímido demais. Eu diria até que é vexatório e incoerente, afinal somos 60 milhões de evangélicos no Brasil e sabemos que a música gospel não é só consumida pelo segmento, mas também por católicos e simpatizantes. Além disso, nas plataformas digitais o consumo passa a ser global e não mais regional. Com tudo isso fica claro de que estamos muito aquém do potencial de nosso mercado. A campanha #TrocoLikesPorStreams é uma iniciativa da Sony Music que visa estimular o público gospel a migrar das redes sociais para as plataformas de áudio streaming. Uma artista como Aline Barros ou Damares com dezenas de milhões de seguidores nas redes sociais não podem ter resultados tão tímidos de streaming. Nossa campanha visa justamente promover esta mudança de cultura e hábito de consumo de música.

O Super Gospel está aderindo a campanha que, segundo informações da assessoria da feira, será abraçada pelos artistas, influencers, personalidades, pastores e etc. O que pode ser adiantado em relação a esse assunto em parceria com a Expo?

Iremos oficialmente lançar a campanha no dia 18 de agosto durante a Expo Cristã. Já temos a adesão de todos os artistas do cast da Sony Music, além de mídias, pastores, influencers digitais, ou seja, estamos provocando com esta campanha uma mudança radical no mercado visando antecipar ao máximo a adesão do público aos apps de áudio streaming. Neste momento já temos apoio de importantes players do mercado como o próprio site Super Gospel e o Deezer. A campanha será intermitente e contará com muitos conteúdos exclusivos e iniciativas. A Sony Music está encabeçando este movimento e espero que as demais gravadoras do segmento se unam a nós, assim como artistas e mídias.

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