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Ouvimos o lançamento de Bruna Karla - Incomparável. Confira nossa crítica

Gledeson Frankly em 15/05/17 3473 visualizações
Há anos, Bruna Karla vinha de uma sequência de discos irregulares, como o mediano Aceito o Teu Chamado (2012) e o insosso Como Águia (2014). Em Incomparável, Bruna abandona completamente o pentecostal que a consagrou em seus primeiros discos e adere, de forma mais explícita, ao pop contemporâneo. Com produção executiva de seu esposo, Bruno Santos, e arranjos do tecladista e pianista Kleyton Martins, o novo disco traz a intérprete em uma fase mais madura de sua carreira.

Grande parte desta mudança se deve ao trabalho de Kleyton. Desde o início desta década, com suas participações em discos de Davi Sacer e Kleber Lucas, Martins abriu um importante espaço no cenário artístico pop. Além disso, outras colaborações de peso, como a do guitarrista Bene Maldonado, que exerce as funções de mixagem e engenharia de som, colaboram para a aproximação de Bruna a um território mais leve, com baladas e maiores experimentações.

Os pontos fortes dessa nova fase podem ser vistos em Força (Léo Casper) e Fé e Razão (Pr. Lucas). A primeira se mostra uma escolha acertada para single, pois a interpretação da cantora emociona e Martins construiu uma musicalidade intimista sem soar piegas. O violão dedilhado e o teclado chamam a atenção. A segunda, por sua vez, tem os versos mais interessantes do álbum. Bruna interpretou esta faixa com vigor e os arranjos, com destaque para as cordas de Ronaldo Oliveira, foram muito bem conduzidos do início ao fim.

Assinadas por Léo Cásper, Deus do Impossível (O Grande Eu Sou) e Meu Deus Cuidará de Mim são baladas mais introspectivas com versos congregacionais que lembram sucessos anteriores da cantora. Diferentemente do cenário de transformações presentes na maior parte do álbum, as canções mostram um esforço em manter o público cativo que acompanha a intérprete desde o início de sua carreira.

Nova Criatura (Junior Maciel e Josias Texeira), Canção de Adoração (Pr. Lucas) e Boa Semente (Marcelo Manhães) são músicas pop rock que flertam com influências eletrônicas. Dialogam, de certa forma, com o louvor congregacional e são executadas adequadamente. Os sintetizadores e loops se destacam nestas faixas e rejuvenescem o trabalho da cantora, inclusive com bons riffs de guitarra, executados por Henrique Garcia.

No entanto, o projeto se mostra inconstante em alguns momentos. Por exemplo, o dueto com Aline Barros em Meu Melhor Amigo (Edson e Ana Feitosa), com sonoridade pop worship, é apenas correto e a autoral Até Aqui Me Sustentou com participação de sua irmã, Cássia Kelly, não cativa. Apesar dos bons arranjos de Kleyton Martins dadas às canções escolhidas para o projeto, faltaram algumas composições de maior destaque. Ademais, sente-se a ausência de uma voz feminina no backing vocal.

Vocalmente, Bruna Karla corrigiu parte dos excessos de melismas e soa mais confiante. Principalmente nos aspectos técnicos e pela eficiência da dupla Martins e Maldonado, que deram rédeas ao trabalho recentemente pouco coordenado da cantora, Incomparável é, de longe, um registro muito superior ao seu antecessor. Perto dos defeitos que constituíram Como Águia, é um álbum definitivamente sem comparações.

Nota: ★★★☆☆
Incomparável

(CD) 01/17


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Gledeson Frankly

Paulista, cristão e acadêmico em administração pela UNIFESP. Escreve para o Super Gospel desde 2017.


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