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Ouvimos o novo disco de Fernanda Brum - Da eternidade. Confira nosso review

Tiago Abreu em 25/01/15 13231 visualizações
Entender o conceito da maioria dos álbuns congregacionais lançados no mercado nacional tem sido uma tarefa angustiante. Isso, porque quando não falta, é mal formulado, soando incompreensível. Grande parte, senão todos os músicos e grupos que lançam um projeto que possui uma temática interessante apresentam influências que os façam ser considerados mais próximos ao pop rock do que, necessariamente ao louvor comunitário. Exemplos são os excelentes trabalhos de Paulo César Baruk e Daniela Araújo, divulgados ano passado.

Fernanda Brum, no entanto, é uma artista que transita com facilidade no congregacional e no pop. Consagrada em Quebrantado Coração, conseguiu encaixar, posteriormente o diferente Apenas um Toque, dando prosseguimento, com ineditismo à mensagem evangelística de Profetizando as Nações, algo que outrora era pouco comum no gospel nacional. Com Cura-me, Glória e Liberta-me, a cantora aparece mergulhada profundamente numa proposta pop, com texturas fortemente melancólicas que dividiram opiniões.

Mas agora, em 2015, Brum quebra a lógica dos últimos trabalhos ao lançar Da Eternidade. Produzido por seu marido, Emerson Pinheiro, o álbum soa como uma tentativa parcialmente frustrada de emular a sonoridade alcançada em Apenas um Toque. É essencialmente um projeto congregacional, mas sem o impacto e peso no repertório do supracitado.

A capa do álbum, tão criticada por internautas desinformados é excelente. A utilização do símbolo matemático como referência à eternidade proposta no título foi uma ideia simples e marcante. A polêmica envolvida em relação à sua recepção é um exemplo claro de que, muitas das vezes, o povo evangélico foge dos limites do bom senso.

Quando um álbum tem por título Da Eternidade, com uma capa tão conceitual há de se presumir que o repertório estará focado no tema. Em grande parte do registro isso acontece, mas a produção musical que o cerca é crua. Com a proposta de valorizar a atmosfera de uma gravação ao vivo, os níveis de captação foram exagerados. Os backing vocais, em certos momentos se sobrepõem à voz de Fernanda, que desempenha com timbres relativamente diferentes dos quais foi conhecida. Desta forma, Troféu e Pai dos Órfãos são as melhores faixas do repertório, com suas letras e arranjos que carregam a identidade já construída pela cantora. Em contrapartida, O que Tua Glória Fez Comigo é uma música por si só ultrajante, biblicamente incorreta e cheia de mantras que remetem aos tempos da lei.

Envolvido por erros e acertos, Da Eternidade é um disco mediano, mostrando que o êxito de Fernanda no congregacional, anos antes pode ter sido mera coincidência. Todavia, o álbum deixa claro que o erro principal, na verdade, está na produção musical pouco polida, necessitando de maior atenção e cuidado nas gravações futuras.
Da eternidade

(CD) 01/15


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Tiago Abreu

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), escreveu para o Super Gospel entre 2011 a 2019. É autor de várias resenhas críticas, artigos, notícias e entrevistas publicadas no portal, incluindo temas de atualidade e historiografia musical.


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