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Ouvimos o novo disco de Fernandinho - Galileu. Confira nosso review

Tiago Abreu em 02/11/15 6807 visualizações
Embora não seja seu melhor trabalho, Galileu é, de longe, o maior esforço da carreira de Fernandinho. Após Teus Sonhos e o insight para escrever canções que tratam da figura de Jesus, o espírito e simplicidade da igreja primitiva, o cantor escreveu os arranjos com seus músicos de base, assinou a maioria das músicas e a produção musical.

Desde Sede de Justiça (2007), o sergipano encontrou seu caminho: apropriar-se do britpop com temáticas congregacionais, proposta difundida no país por Heloisa Rosa e Lucas Souza. Após isso, livrou-se de todos os irracionais excessos do “louvor e adoração” de Contagem. Ao abandonar o shofar, as canções gigantes e até mesmo ministrações deslocadas, o músico optou por fazer um som mais enxuto, direto e focado nos versos confessionais. Portanto, ileso de qualquer acusação de seguir a corrente, Fernandinho percorre por este som há quase dez anos e através de sua popularidade é, hoje, muito copiado.

O maior detalhe acerca da produção é a significativa melhora de sua dicção. Somente neste aspecto, o êxito da obra é, sem dúvida, potencializado. Na sonoridade, a participação de três tecladistas, que assinam as programações e loops, além de vários músicos convidados, procura aumentar os atrativos acerca do trabalho. Musicalmente, a obra tenta mostrar Fernandinho mais concentrado, sério, mas suficientemente sensível. As guitarras exploram o terreno já conhecido com mais energia, enquanto a bateria de Jeremy Bush sustenta as canções mais agitadas, juntamente com as coberturas de teclado executadas por Levi Miranda.

Apesar disso, o álbum ainda peca por ser demasiadamente longo. Com quinze músicas – totalizando cerca de sessenta e oito minutos –, a condução em algumas canções soa arrastada. Dono do Mundo, promovida pelo solo de Juninho Afram, custa se desenvolver e chegar ao ápice. Em contrapartida, o disco reserva outros momentos de ousadia e coragem, especialmente por Santa Euforia e sua introdução repleta de brasilidade, uma das melhores do projeto. Na regravação de Yeshua, com participação de Kim Walker-Smith, Fernandinho confirma a proposta de alargar fronteiras, se aproximar do worship produzido lá fora, trabalhando, inclusive, com músicos do The Digital Age.

Com este novo projeto, Fernandinho mostra tomar as rédeas, desafios e os louros de seu sucesso. Prova, antes de tudo, quão o esforço é mais vantajoso e legítimo do que o talento inato conduzido com desleixo.

Nota: ★★★☆☆
Galileu

(CD) 10/15


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Tiago Abreu

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), escreveu para o Super Gospel entre 2011 a 2019. É autor de várias resenhas críticas, artigos, notícias e entrevistas publicadas no portal, incluindo temas de atualidade e historiografia musical.


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