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Ouvimos o novo lançamento de Renascer Praise, Daniel. Confira nossa crítica

Tiago Abreu em 04/01/16 7375 visualizações
O décimo nono disco de inéditas do Renascer Praise poderia ser muito bem assinado como Renascer Praise & Thalles, ou até mesmo Thalles executado por Renascer Praise. O disco é completamente distinto de tudo o que a banda produziu até então. O problema mora justamente nisso: Os arranjos vocais complexos foram substituídos pelos maneirismos e falta de bom senso do showman mineiro.

Falta de bom senso que ultrapassou o limite do aceitável em O Dono da Casa, uma das músicas mais infantis e constrangedoras em toda a carreira da banda. Os versos indicam forte sentimento de vingança e desabafo antropocêntrico perante as polêmicas vivenciadas por Thalles no ano passado. "Então os inimigos cercaram essa casa / E usaram estratégias de guerra contra mim / Bateram na porta pra me pegar de surpresa / Mas pra surpresa deles quem abriu não fui eu". A balada insossa se transforma temporariamente em um pop black artificial que se confunde facilmente com alguma faixa do último disco religioso de Thalles, Ide (2014), álbum em que Viver na Dependência era parte do repertório.

O medley Louve / Sou Livre / Sou Apostólico reforça que o trabalho tem pouco de Renascer Praise e muito de Thalles. A banda se equivocou ao acreditar que fazer referência ao riff de "Deus da Força" seria algo divertido. Até o single A Resposta, um soul leve e bastante suave, o traz ao lado de Sônia Hernandes na capa. Projeto Original, outra balada sua, segue o discurso do neófito arrependido pela vida mundana e que pede distância do pecado, um clichê do qual o mineiro não de desvencilha desde o primeiro trabalho solo após abandonar suas atividades como backing em grupos como o Jota Quest. Falta de criatividade que, inclusive, reforça que seu melhor álbum foi As Canções que eu Canto pra Ela (2015), com canções românticas e sem evangelicalismo.

Durante os últimos lançamentos, o Renascer Praise tentou se remodelar e agregar novos sons a partir de sua identidade. Embora o lançamento seja um corte em sua linha do tempo evolutiva, algumas faixas da obra fogem à regra, remetem elementos de Canto de Sião (2013) e dão a esperança de que nem tudo está perdido. Venceu destaca-se pelas influências eletrônicas; Mostra-me Tua Glória através das cordas e arranjos vocais, além dos elementos percussivos de Toma Minha Vida. Minorias frente ao excesso de composições letárgicas de Thalles, faz Daniel, novo lançamento do Renascer Praise, um claro indicativo que a melhor saída para o cantor é abrir-se para o mercado popular. Lá, poderá tratar de outros temas ao invés de insistir na repetitiva mensagem de recém-conversão, como tem feito nos últimos sete anos, desde 2009. Desta forma, mostrará se está mesmo acima da média.

Nota: ★★☆☆
Daniel

(CD) 01/15


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Tiago Abreu

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), escreveu para o Super Gospel entre 2011 a 2019. É autor de várias resenhas críticas, artigos, notícias e entrevistas publicadas no portal, incluindo temas de atualidade e historiografia musical.


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