Casa favorita (Filhos do Homem)

Alguns CDs decepcionam quando o que se tem não é o que se esperava dele. Outros agradam, e muito, como é o caso de "Casa Favorita" do Ministério Filhos do Homem. Uma sonoridade diferente dos outros grupos e cantores da mesma área é perceptível, e não é só isso que dá esse álbum um alto conceito. Suas letras falam de um aspecto fundamental (teoricamente) da vida de qualquer cristão, que é a realidade de ser Templo do Espírito, e a necessidade de ser um lugar agradável a Ele. Entretanto, nesse trabalho do FdH aprende-se que não somente agradável deve ser o Templo, mas um lugar favorito, onde Deus se agrade de estar. Algumas falhas vocais são herdadas de trabalhos anteriores, mas já se percebe uma evolução nessa área, e a beleza do álbum não é ofuscada por isso.

“Últimos Guerreiros” abre o CD, com uma introdução um tanto hard, perfeita para um cântico de “guerra”, que é o que é essa música. Trata-se de uma auto-apresentação dos “Guerreiros da Última Geração” e de sua arma: a adoração.

Continuando no rock, “Jesus me Encontrou” traz um excelente trabalho de gaita e guitarra que dá uma saborosa pitada de blues à música. A letra fala da certeza que se em da alegria e dos cuidados de Jesus, após Ele nos encontrar.

Mas uma introdução hard que deságua em uma suave estrofe,é o que se encontra em "Tocando Deus". Essa música, direcionada a Deus, almeja expressar a vontade de estar ao alcance dEle, em condições de tocá-Lo e ser tocado por Ele.

A combinação violão e sax não foi uma boa escolha para a introdução de "Bartimeu". Mas o restante da música compensa o deslize inicial com uma bela letra, uma declaração a Jesus da perspectiva de um cego curado, representado analogamente por Bartimeu no título da música.

Um clima envolvente, um bom trabalho do baterista Robson, e eis uma pérola do louvor contemporâneo. "Casa Favorita" é uma música que fala daquele que deveria ser o desejo de todo cristão: ser tabernáculo de Deus, e tabernáculo favorito, um lugar onde Ele goste de estar e se manifestar.

"Viver Só Pra Ti" foi uma música que me surpreendeu. De um estilo de vocal e harmonia pouco utilizado no louvor congregacional contemporâneo do Brasil, esse é, musicalmente, o ápice do álbum, onde os músicos demonstram mais entrosamento e técnica. Fala da necessidade que o homem tem de Deus.

Redundante, "Lugar Secreto" pode ser bem-vinda como uma oração em momentos específicos, mas não acrescenta nada ao álbum, em nenhum aspecto.

"Atrai Meu Coração" é uma linda oração e uma bela melodia. A letra é excelente e também fala da falta que o homem sente de Deus. Contudo, os arranjos vocais e entonação de Fabrine Schmitt deixam uma sensação inconfundível de déjà vu.

Explicitamente dentro do tema do álbum, "Meu Amigo" é uma belíssima música, acompanhada unicamente pelo som de piano, e seria praticamente perfeita se, mais uma vez, o vocal feminino não lembrasse tanto o da vocalista de outro grupo. Infelizmente isso acontece em alguns momentos, mas mesmo assim não consegue tirar a beleza da música.

A gaita de Gabriel Barros volta na introdução de "Me Ensina a Te Amar". A letra contrasta o amor de Deus e o do homem e, como não poderia ser diferente, pede perdão pela desatenção e descuidado no relacionamento com Deus, e clama ao Criador por um entendimento de como amá-Lo.

Ao terminar de ouvir esse que é o terceiro CD desse grupo, fica uma expectativa do que pode se esperar no futuro. No geral, Casa Favorita é um ótimo álbum. Os pontos baixos não são suficientes para que o conceito do CD seja baixo. A musicalidade do grupo caminha a passos largos para a maturidade, e as letras se mostram edificantes e condizentes com a realidade dos que cantam suas músicas. Potencial, identidade e unção o grupo apresenta. Não deixando se contaminar por fórmulas e mesmices, o grupo tem de tudo para ser uma benção cada vez maior para os que os ouvem.

Ouças as músicas e saiba mais sobre: Filhos do Homem