Análises

Where Moth and Rust Destroy (Tourniquet)

Márcio Heck em 13/04/05 10628 visualizações
Desde o início, investiram no anticonvencional, no imprevisível. Muitos perguntam porque escolheram o "caminho das pedras" pra fazer música. Para eles, os norte-americanos da banda Tourniquet, isso é apenas o começo do espetáculo.

Os sons inusitados, letras abordando lugares incomuns, bases criativas, riffs assustadores e a bateria avassaladora são elementos que causam certa "estranheza" ao ouvinte de primeira viagem. Se você não está disposto a "digerir" aos poucos, também não tire conclusões precipitadas.

Se há como rotular o som da banda, eu arriscaria algo como "Progressive Technical Trash Metal", mas as influências variam do hard rock ao speed metal clássico.

O grupo acumula diversas premiações e indicações. São mais de 17 músicas que alcançaram primeiro lugar em rádios americanas, várias indicações ao Dowe Awards, clipe na MTV americana, além de seus integrantes estarem presentes em capas de revistas especializadas pelo mundo, isso sem jamais deixar de levar a mensagem do Criador ou fazer um som menos agressivo.

Com uma capa que faz qualquer cristão tradicional torcer o nariz, "Where Moth and Rust Destroy", gravado em 2003, pela Metal Blade, é um álbum em que o trash metal mais uma vez predomina. Mesmo com mais influências heavy e sem as guitarras aterrorizantes de Aaron Guerra, ainda assim este CD soa como uma continuação do extraordinário "Microscopic view of a Telescopic Realm", de 2000, outro petardo da banda. Aliás, alguém sabe dizer qual álbum foi ruim, vindo de Tourniquet? Em todas as fases, desde o speed metal do início dos anos 90 até ao Acústico ou "Crawl to China", a banda sempre demonstrou excelente nível nos mais diversos aspectos.

Ted Kirkpatrick é o líder, fundador, co-produtor, arranjador, mentor e compositor da banda, além de ser um dos mais rápidos bateristas da Terra. Foi considerado por nove vezes o melhor baterista cristão do mundo, segundo revistas e sites especializados.

Luke Easter, que está há quase 11 anos nos vocais, desde o clássico "Vanishing Lessons", interpreta com seus diversos timbres de voz (que nem sempre agradam a todos) os temas que a banda aborda.

Steve Andino, que está há não muito tempo na banda, se encaixou muito bem no baixo, executando toda quebradeira sonora que são as escalas inventadas pelo grupo.

Nas guitarras, especificamente para este álbum, temos a participação mais que especial de Marty Friedman, ex-Megadeth, um dos maiores guitarristas de todos tempos, e de Bruce Franklin, do Trouble. Aaron Guerra, exímio guitarrista, não tocou neste álbum, pois havia saído da banda para dedicar-se à família (ele casou-se com uma brasileira). A boa notícia é que faz poucos meses que retornou oficialmente ao grupo, que estava sem guitarrista para a gravação do novo trabalho, que sai agora em 2005.

Vamos ao CD: a faixa de abertura, que intitula o álbum, que carrega uma fortíssima crítica social, fazendo alusão a Mateus 6:19. Este é o coro: "Onde a traça e a ferrugem consomem, uma terra de lágrimas e tristeza, quando aqueles que colocam sua fé nas coisas, descobrem que isso é só loucura". O riff principal deste pesadíssimo som é genial e "grudento", de se ficar cantarolando dias seguidos. É uma das melhores músicas do metal já feita até os dias de hoje.

Na seqüência "Restoring The Locust Years" aborda sobre restituição, de tudo o que o pulgão e os gafanhotos destruíram, baseada na história contada em Joel 2:25, um tema muito bonito. O instrumental chama atenção desde o início, pela alternância e sincronia da bateria com os outros instrumentos, esbanjando técnica.

A terceira música "Drawn and Quartered" é cheia de surpresas. Começa com violinos e bateria e depois contrasta com as guitarras, que modificam o ritmo numa base cadenciada, depois rápida e criativa. Após uma parada brusca onde você corre olhar no display se mudou de faixa, inventam arranjos suaves de cítara e solos de violino. "Puxado e Esquartejado" relata com ironia e terror a respeito das arenas, onde os cristãos eram sacrificados publicamente.

Na seqüência, "A Ghost at the Wheel" (Um Fantasma no Leme) lembra muito algo da música "Going Going... Gone" do CD "Crawl to China", principalmente nos vocais. Aborda de forma inteligente a respeito daqueles que se deixam influenciar pelas ondas, ficando à deriva, sem estar firme e ancorado em Cristo. Ótima letra!!!

"Architeuthis" é um empolgante trash metal com todos os elementos fundamentais da banda. Fala sobre Deus, que está vivo, mas não podemos ver, contrastando com o maior invertebrado do mundo, a lula Gigante da espécie Architeuthis dux, que, ninguém jamais viu viva. Por habitar a até 1000 metros de profundidade, os estudos feitos são baseados nos seus cadáveres encontrados em estômagos de outros animais. Uma estrofe desse som é como um tapa na orelha de quem não acredita na existência de Deus. "Eu conheço um Deus que eu nunca vi; Não é meramente um sonho desejado; Vivo, mas não para nós vermos, mas vivendo nos corações dos homens. Tão grande é Seu amor por nós; Ainda que muitos procuradores o procurem em vão; Se você deixar o seu orgulho de lado, sua arrogante fachada, então você pode entrar na graça".

Como é difícil detalhar aqui todas as músicas, o que tenho a dizer sobre "Melting the Golden Calf" e "Convoluted Absolutes" é que também são grandes sons, mantendo o nível e peso do álbum, técnica e criatividade, com letras muito bem elaboradas.

A oitava faixa, "Healing Waters of the Tigris" é uma oportunidade e tanto para Marty Friedman colocar nos solos suas técnicas mais apuradas dentro da música oriental. O instrumental combina com a letra, que faz uma interessante viagem histórica sobre o grandioso Rio Tigre.

Fechando o álbum temos "In Death We Rise", dispensável na minha opinião, pois destoa do restante, seguindo a linha doom. Os arranjos de violinos se sobressaem juntamente com as bases de guitarra que morbidamente encobrem a voz e se arrastam até o final agonizante.

Apesar da banda não inovar tanto neste CD como de costume, mantêm o nível do grupo, sempre interpretando muito bem musicalmente o conteúdo das letras, com a devida qualidade Tourniquet, uma das maiores bandas de metal de todos os tempos.
Where Moth and Rust Destroy

(CD) 01/03


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