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Brasil e seus Joões

Redação em 19/07/19 181 visualizações

Mês passado Roberto Menescal me ligou convidando para um almoço, onde ele queria me mostrar dois produtos no qual estava trabalhando. Um com a Leila Pinheiro e Rodrigo Santos cantando Cazuza em Bossa, resultado de uma turnê primorosa no eixo Rio-sampa e outro disco lançando uma cantora inédita de voz poderosa e interpretação ímpar

Papo pós-almoço com Roberto Menescal

Como todo encontro com ‘Menesca’ deslizamos tarde adentro em histórias maravilhosas da nossa música. Entre a entrada e o prato principal, me contou da amizade com Nara Leão, do processo de composição de ‘Barquinho’ e, até depois da sobremesa seguimos falando de seu encontro místico com João Gilberto.

Nem Roberto, nem eu fazíamos ideia de que pouco mais de um mês depois, essa voz miúda e cérebro brilhante de João se calariam para sempre num apartamento modesto, onde se manteve recluso em seus últimos anos de vida.

Divulgação João Gilberto

No último dia 06 de julho, aos 88 anos, um dos nomes maiores da nossa música, João Gilberto, morreu de causas naturais e deixou para sempre seu legado na construção musical como pedra fundamental da cultura nacional.

O baiano, natural da cidade de Juazeiro, integrou o grupo vocal Garotos da Lua, em 1950, quando se mudou para o Rio de Janeiro. Dono de uma personalidade difícil, comum aos gênios, foi demitido do conjunto dois anos depois, quando foi contratado pela gravadora Copacabana.

Naquela época, João cantava a puros pulmões tendo sua voz comparada a de cantores como Orlando Silva, mas andava descontente com os rumos de sua carreira e voltou à Juazeiro, onde seguiu persistentemente uma ‘batida perfeita’ para seu violão.

Menescal me contou que tanto ele quanto Carlos Lyra e Baden Powel tentavam reproduzir os instrumentos do samba no violão, sem sucesso, quando João Gilberto reapareceu no Rio, em uma das festas no apartamento de Nara, tocando sua autoral ‘Bim Bom’, trazendo a resposta definitiva à equação musical: “O samba tem inúmeros instrumentos, mas o que acredito que seja o ideal para seguirmos nos acordes é o tamborim”. Sentenciou João Gilberto, fazendo nascer assim o ritmo que levou a música brasileira para o mundo, a Bossa Nova.

Tão logo recebi a notícia da morte de João, em meio à plurais e merecidíssimas homenagens,  minha memória capitou a alegria desse almoço com Menescal e me empurrou para um pensamento imediato: “Por que é que não homenageamos nossos Joões em vida?”.

Aí me lembrei de outro João, para nossa felicidade, muitíssimo cheio de vida e em crescente produção musical, porém sem a devida visibilidade e espaço que merece nos veículos de mídia e rankings de premiação fonográfica, o cantor e compositor João Alexandre.

Divulgação João Alexandre

Tendo iniciado sua carreira cerca de três décadas depois da estreia do “João de Juazeiro”, João Alexandre nasceu em uma família evangélica em Campinas, interior de São Paulo e se lançou na música influenciado pelo grupo ‘Vencedores Por Cristo’, cuja proposta era a de inserir elementos da cultura brasileira na música cristã.  

Dono de uma sensibilidade poética pungente, João Alexandre se vale de metáforas poderosas em acordes sofisticados para tocar a alma de quem o ouve com uma mensagem vivífica e salvadora, capaz de evangelizar simplesmente através da beleza de sua música.

Em 1982 formou um grupo chamado Pescador, que chegou a lançar um disco intitulado ‘Contraste’, formado de canções com vocais complexos e harmonias que beberam explicitamente das estruturas harmônicas da MPB.

Ao se casar com Tirza Rosa, intérprete ágil de voz melodiosa e timbre singular, constrói uma belíssima parceria de arte e de vida que segue longeva até hoje, brindando os ouvidos mais atentos com belíssimas canções de caráter cristão que estão à altura da mais refinada Bossa secular.

Sucessos como “Teus Altares” e “Essência de Deus”, entre tantas de sua autoria, seguem como louvores ‘obrigatórios’ em inúmeras igrejas Brasil afora, legitimando a verve congregacional de sua obra, que tem uma essência muito particular e de poderosa assinatura autoral.

Seja abordando temas provocadores como em “Você pode Ter” ou até políticos como em “Pra Cima, Brasil”, João Alexandre se utiliza da música como instrumento, não apenas de fé, mas de combustível para reflexões de consciência social, convocando o povo de Deus a tomar posturas cristãs a partir da razão.

João Alexandre no Café lá em Casa de Nelson Farias

Premiado com o troféu ‘Talento’, em 2006, na categoria Melhor Arranjo, com a música "A Volta do Filho Pródigo", de Gerson Borges e merecidamente homenageado na série ‘Deezer Legends’ pelo app de música Deezer, em novembro do ano passado, João mantém uma vida reservada longe das badalações dos veículos de massa, parturejando sua obra como um artesão silencioso, e ainda assim influenciando as gerações posteriores, que o enxergam como um mentor importante, tal qual João Gilberto para os seus.

João Alexandre merece, por tanto, se fazer lembrado e muito saudado em vida por seu trabalho que eleva a música cristã à patamares técnicos pouco galgados pela gospel music made in Brazil. Se João Gilberto está no pilar da construção da Bossa Nova, João Alexandre é pedra angular da música evangélica, equiparando forças distintas de um mesmo povo que ainda encontra na arte o abrigo necessário para sobreviver às intempéries políticas que assolam nossa nação.

Por fim, fé e razão de mãos dadas dando sentido à existência nossa, mostrando a essa Pátria Amada que um filho teu não foge a luta e com quantos Joões se constrói a mais poderosa música popular brasileira para além das crenças e religiões.

Confira o Deezer Legends de João Alexandre

CURTAS CONEXÕES

Banda Nooma lança single inédito com sonoridade rara

Formada por Diego Vicente na bateria, Flávio Rodrigues nas guitarras e Pablo Teixeira no vocal, a Banda Nooma surge no cenário musical cristão brasileiro com uma proposta musical singular que flerta com o som indie que tem ganhado um público alternativo crescente no universo do streaming e ainda tem pouca representatividade no segmento gospel. Com o single ‘Anunciação’, a banda dá sua digital ao estilo sem deixar de declarar seu amor à Cristo. 

 

Tá curioso pra ouvir esse som diferente? Então clica no link!

O novo tempo de Rebeca Bitencourt

Atendendo a um chamado de Deus a jovem Rebeca Bitencourt, que se converteu aos 12 anos de idade e até então dividia sua paixão pela música com uma rotina de trabalho tradicional, vive um novo tempo em sua vida ao lançar seu primeiro single ‘Incondicional’. Membra da Primeira Igreja Batista de Duque de Caxias, a cantora escolhe o louvor como forma de expressar o Amor de Deus para com seu povo.

 

Confira o clipe de Rebeca Bitencourt

Bárbara Amorim e Daniela Araújo representam o Gospel em campanha do Spotify

Com o objetivo de aumentar o consumo da produção de mulheres na música Brasileira, o Spotify lança a campanha ‘Escuta as Minas’. Ao todo são 24 artistas mulheres dos mais diversos gêneros musicais, em início de carreira, que comporão o casting da ação. A cantora Bárbara Amorim (líder vocal do Ministério Renascer Praise) foi a escolhida para representar o segmento gospel com uma canção autoral que contará com a produção musical de ninguém menos que Daniela Araújo. O lançamento da faixa está previsto para este ano ainda!

 

Enquanto o single não chega, conheça o som de Bárbara Amori

Quer saber mais sobre o universo cristão e conversar sobre música? Então me siga no Instagram: @omarciomoreira Até semana que vem!

 

Confira o texto na integra no Portal Roma News - https://www.romanews.com.br/colunistas/post/brasil-e-seus-jooes/772/

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