Análises
CD Lá de Casa (Marcos Almeida) - Análise
Primeiro registro solo totalmente inédito do cantor mineiro, também é seu álbum mais alegre

Quando o Palavrantiga lançou Sobre o Mesmo Chão em 2012, o vocalista Marcos Almeida fez um teste de território. O segundo registro do grupo era muito mais sisudo, mais crítico à segmentação religiosa e tentava ser mais brasileiro mesmo nas batidas do rock alternativo. A mistura, na verdade, nunca funcionou muito bem para o excesso de rock’n’roll da banda.
Em carreira solo, o mineiro se demonstrou mais engajado com a cultura nacional desde o single “Biquíni de Natal” e, em 2019, Lá de Casa é o seu auge como músico e letrista. Primeiro registro de inéditas de uma carreira sustentada pelos anteriores hits do Palavrantiga, o novo álbum é marcado pelo recomeço. Marcos não apenas manteve o tom contemplativo de suas canções mais inspiracionais, como carrega também uma alegria pop jamais antes vista.
Não é coincidência. Enquanto “Sobre o Mesmo Chão” era quase uma exortação sobre a validade das ideias do novo movimento, a faixa-título Lá de Casa usa o mesmo discurso num tom cotidiano por meio de um encontro musical d’O Rappa com Luiz Gonzaga. Não há como dissociar a felicidade sudestina de Marcos com a música do seu frequente colaborador Paulo Nazareth – uma composição que é a cara do ex-frontman da Crombie.
O som continua não muito diferente do Palavrantiga, mas Marcos parece mais despojado. Jeito do Céu, por exemplo, é um cumprimento direto e sem qualquer vergonha ao canto e som de Rodrigo Amarante dos últimos registros do Los Hermanos. A associação não é nova: a relação entre as influências que unem as duas bandas, desde o Strokes e o pós-punk, é bastante conhecida.
As canções contemplativas são levemente diferenciais. O Palavrantiga mantinha uma poética mais vertical, enquanto Pensamento Bom é relativamente horizontal, uma continuação natural para “De Manhã”; também é o canto de um homem menos estressado que agora até brinca com o auto-tune, ou quando canta Cuidando de Você como um pai que observa os filhos a brincar no jardim.
O ápice de felicidade do registro é a praieira Que Onda, que pode se encaixar com o cenário pop-MPB mas, por outro lado, também lembra por excelência “Céu Azul” e seu tom descompromissado (e sim, Marcos já compartilhou influências de Charlie Brown Jr.). De qualquer forma, quando o músico declara que “toda vez que eu vejo o mundo eu ouço Deus falar”, prova que Lá de Casa, como registro artístico, é capaz de subverter muros.
Avaliação: ★★★★☆
Ouças as músicas e saiba mais sobre: Marcos Almeida
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Tiago Abreu
Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), escreveu para o Super Gospel entre 2011 a 2019. É autor de várias resenhas críticas, artigos, notícias e entrevistas publicadas no portal, incluindo temas de atualidade e historiografia musical.
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