Análises

Ouvimos o novo disco de Aline Barros pela MK Music - Graça. Confira nossa opinião

Tiago Abreu em 02/01/14 15435 visualizações
Aline Barros, desde o fim da década de 1990, é um dos maiores nomes do meio evangélico. Com diversos prêmios e mais de 20 anos de carreira, a artista soma alguns feitos. Embora seu trabalho tenha sofrido várias mudanças de lá para cá, desde seu problema nas cordas vocais, é fato inegável que seu trabalho anterior, Extraordinário Amor de Deus, cumpre o que se propõe a fazer. Retomar a parceria com Ricardo Feghali e Cleberson Horsth, integrantes do Roupa Nova, foi uma das ideias mais inteligentes da sua carreira. Em Graça, Aline Barros fez diferente e estreia com Ruben di Souza, produtor conceituado, que também assina os arranjos, com participação do baterista da Oficina G3, Alexandre Aposan, além dos músicos Wilson Sideral e Celso Machado. Mais uma vez, o álbum é de estúdio, porém com captações ao vivo.

A tipografia do encarte, produzido pela gravadora MK Music, deixou muito a desejar. Outro defeito considerável no projeto gráfico é o excesso de fotografias. Em termos de repertório, o trabalho inicia-se com Revolução, que derrapa nos versos. A letra é extremamente confusa. Afinal, que tipo de “revolução” seria essa?. A ideia de uma "geração santa" é um discurso repetitivo – e um tanto inocente até demais – para um álbum de 2013.

Mesmo com a falha inicial, Lugar Seguro e Casa do Pai levantam o astral do disco. São excelentes canções, com bons refrães, e o peso gradativo que ambas ganham como faixas pop. Vale destacar os arranjos de Ruben e as participações de Aposan como baterista.

Profetas dessa geração aposta novamente, assim como a primeira, em uma sonoridade pop com elementos eletrônicos, embora o resultado aqui tenha sido mais positivo em relação a anterior. Ô evangeliquês, no entanto, ainda é aspecto proeminente. A seguir, O Poder da Cruz, assinada por Pr. Lucas em parceria com Josué Godoi, versa sobre renúncia e dependência de Deus.

A melhor música do álbum é Esperança, balada de Aline em parceria com Anderson Freire. O arranjo de cordas agrega valor, e o feeling da melodia é interessante, com as intercalações do baixo, piano e a guitarra. Tua Palavra e Santo, ambas de Fernandinho, lembram bem as estruturas melódicas e as letras das canções da carreira solo do cantor. Esta última destaca-se pelo coral após a ponte.

Mantendo o momento contemplativo, temos Entrega/A Deus Toda Glória. Entrega é uma canção já conhecida pelo Vineyard, que até regravou-a no recente Ao Vivo no Hangar com Heloisa Rosa nos vocais. Aqui, Aline Barros fez uma interpretação dentro do esperado. Poucas mudanças consideráveis no arranjo.

A faixa-título, Graça, é uma boa canção, assim como várias das anteriores aposta em um refrão simples. O Fogo não Descansa, versão do Jesus Culture, é a pior canção do projeto. Existem certas músicas em que é extremamente difícil ter-se uma tradução agradável, e este é um dos casos. O Hino ganhou muito com o coral.

Fechando o álbum, temos Sou Mais que Vencedor e Melhor pra Mim. A primeira traz como foco a proteção divina, enquanto a segunda para entrega.

Graça se saiu bem pela produção musical de Ruben di Souza, além da escolha de músicos. Por outro lado, é somente nas produções dos músicos do Roupa Nova que Aline passa evita os exageros vocais, assim como foi em Extraordinário Amor de Deus. Aline foi ousada em trazer canções com vocais mais agudos e, em certa medida, deu certo.

No entanto, em Graça pouco define se o trabalho “quer” soar de estúdio ou ao vivo. As captações feitas soaram extremamente artificiais em alguns pontos. Mas, mesmo com todos os seus defeitos, consegue ser mais expressivo que outros discos de Aline, como Caminho de Milagres (2007).
Graça

(CD) 12/13


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Tiago Abreu

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), escreveu para o Super Gospel entre 2011 a 2019. É autor de várias resenhas críticas, artigos, notícias e entrevistas publicadas no portal, incluindo temas de atualidade e historiografia musical.


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