Ouvimos o novo EP de Daniela Araújo - Outono. Confira nossa análise

Com a mesma origem do EP Verão, Daniela apresenta o extended play Outono, registro que traz três canções originais do álbum Doze captadas em show ao vivo ocorrido na cidade de São Paulo em dezembro de 2016. Porém, justamente pelo caráter da estação que referencia, as três canções do disco são bastante heterogêneas entre si e demonstram o quanto, em introspecção, o projeto de composições de Daniela, feito em 2015, percorreu.

Abril, com participação do rapper Kivitz, inicia o clima de mudanças ao fazer um contraponto à sonoridade mais alegre das três faixas do álbum anterior e, também, por trazer um discurso reflexivo e coletivo. O arranjo, mais pop rock que na versão de estúdio, é fortalecido pela participação do público.

À medida que o registro caminha, a sonoridade e as letras ganham aspectos mais melancólicos. Tanto Maio e Junho ficaram mais acústicas, mesmo com a participação do Preto no Branco na primeira e pela musicalidade crescente já conhecida na segunda. Em termos líricos, ambas se constituem em declarações de Daniela, mas a última, justamente por versar a insistência num relacionamento que, tempos depois, não resistiu às adversidades, é interessante pelo próprio legado que carrega e pela sensibilidade de Araújo em abordar um tema pessoal. E, além de tudo, é uma faixa romântica sem ser piegas.

Ao mesmo tempo em que seja próprio do momento em que foi produzido, tratar de cotidianos e a vida humana garante um certo grau de intimidade que é o grande triunfo do álbum Doze, cuja proposta simples e direta se desvencilha tão fortemente dos pretensiosos Daniela Araújo (2011) e Criador do Mundo (2014). E essas performances ao vivo só confirmam as características que, ao longo dos anos, serão mais perceptíveis na obra da cantora paulista.

Nota: ★★★☆

Ouças as músicas e saiba mais sobre: Daniela Araújo