Análises

Ouvimos o novo disco do Apascentar de Louvor - Há Poder no Nome de Jesus. Confira nossa crítica

Tiago Abreu em 15/02/16 3894 visualizações
De 2003 até o início de 2007, o Apascentar viveu tempos gloriosos. Tudo o que veio depois serviu para reverenciar os feitos passados, especialmente pela parceria Luiz Arcanjo/Davi Sacer, talvez a mais notável da última década. A partir da formação posterior, o (ainda) Toque no Altar afunilou seus horizontes e passou a cantar exaustivamente sobre prosperidade, milagres e curas, deixando a poesia e reflexão de lado. A crise de criatividade na insistência da fórmula apenas subiu o “fantasma” da formação clássica na história do conjunto.

Quando Davi Sacer gravou Ao Deus das Causas Impossíveis (2011) com a produção de Kleyton Martins – um registro praticamente solo assinado pelo Apascentar – a referência tornou-se ainda mais evidente. Em “Mudou”, faixa de encerramento, Sacer passava o bastão para um suposto novo momento na carreira do grupo.

Há Poder no Nome de Jesus, novo disco de inéditas do grupo, foi anunciado desde 2014 com outro título e muito suspense. Na prática, o bastão simbólico não foi totalmente entregue. Ronald Fonseca, responsável pela produção de vários discos da formação clássica, como Toque no Altar (2003) e Olha pra Mim (2006), além de respeitáveis projetos do Trazendo a Arca como Marca da Promessa (2007) e Pra Tocar no Manto (2009), assina a produção musical da obra. Alguns compositores externos como Anderson Freire e Marcelo Manhãs se fazem presentes. A nova formação esteve relegada à execução instrumental. Execução que, de antemão, é voltada a sonoridade que tornou o grupo conhecido.

Marcus Gregório, conhecido pelo controle que detém sobre o grupo, puxa ainda mais as rédeas através de um discurso na Abertura e a composição Não Desanime, com as mesmas temáticas de autoajuda focadas em prosperidade e milagres. Se em termos líricos o álbum não indica uma nova fase para o Apascentar, a sonoridade segue os mesmos rumos. Há várias referências nos arranjos: Som do Céu é conduzida semelhantemente a “Entre a Fé e a Razão”, uma das últimas músicas do Trazendo a Arca produzidas por Ronald Fonseca; Um Milagre lembra fortemente “Vencedor”, de A Vitória da Fé (2009). Mas há novidades aqui e acolá. Precioso Sangue, um divertido gospel com backings marcantes traz uma das melhores características do conjunto.

Como arranjador responsável pela construção da identidade musical do Apascentar, Ronald sabe como a música deve soar. As execuções instrumentais são o melhor que o disco pode oferecer. Embora a faixa de abertura nos lembre de que fato o trabalho está longe de ser realmente ao vivo, conta com cordas que remetem às habilidades eruditas do produtor. Elas dão sequência a uma pegada muito semelhante a que Ronald fez em Entre a Fé e a Razão (2010) do Trazendo a Arca e Confia (2014), do Unção de Deus: Um som mais "pesado", direto, com perfil de banda, mas sem se render totalmente ao pop rock norte-americanizado. Um Milagre e a faixa de encerramento Chegou a Hora contam com vocais fortes, metais fortes e riffs fortes. Em contrapartida, o vocalista Samuel Vinholes, maior novidade do projeto, chega a destoar em muitos momentos na necessidade de acompanhar estas mudanças. Suas interpretações são de coçar a garganta.

O repertório, musicalmente falando, é muito bom. Ronald Fonseca consegue fornecer legitimidade através da música. As letras, não entanto, ainda não mostram a quê a nova formação do Apascentar veio. O disco ainda soa muito semelhante aos projetos anteriores do grupo, principalmente os lançados após Deus de Milagres (2008).

Nota: ★★★☆☆
Há Poder no Nome de Jesus

(CD) 01/16


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Tiago Abreu

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), escreveu para o Super Gospel entre 2011 a 2019. É autor de várias resenhas críticas, artigos, notícias e entrevistas publicadas no portal, incluindo temas de atualidade e historiografia musical.


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