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Confira o review de Diamante, primeiro cd de Damares pela Sony

Rafael Ramos em 04/02/11 19217 visualizações
O receio de um cantor em gravar um novo trabalho depois de um lançamento de sucesso deve ser enorme. Imagine como não deve ter sido para Damares entrar no Studio Vibe para pôr voz em um novo álbum depois do estouro que foi "Apocalipse", afinal de contas, todas as canções foram um sucesso nas rádios, principalmente entre o público pentecostal.

Como era de se esperar, o produtor Melk Carvalhêdo conseguiu superar as expectativas e trouxe para o público um álbum que só pelo título já mostra que é uma verdadeira obra-prima: Diamante.

O primeiro trabalho da cantora pela Sony Music causou burburinho antes mesmo de chegar às lojas. Ora... Estamos falando de uma cantora que vendeu mais de 600 mil cópias do trabalho anterior e colocou o Brasil para cantar que “a minha vitória hoje tem sabor de mel.

"Apocalipse" foi tão especial pra cantora, que ela fez questão de referencia-lo no encarte de Diamante que foi produzido por Osmar Goulart, o Mazinho da Komunica, com fotos tiradas por Manoel Guimarães, o mesmo que fez as fotos de Elaine de Jesus para os cds "Pérola" e "Celestial".

Bem, vamos agora ao que interessa e conhecer o repertório do oitavo trabalho da cantora:

Abrindo o disco, Diamante é composição de Agailton Silva, amigo de longa data da cantora que foi responsável por grandes outros sucessos como "Apocalipse", "Sabor de mel" e "Glorifica".

Agailton é autor de metade das canções do álbum e essa canção realmente é surpreendente. Apesar da letra poética, os arranjos de Melk fizeram dela uma música forte que segue bem a linha pentecostal e a voz de Damares está melhor do que nunca. Realmente inconfundível – “O carbono se transforma em diamante / E o néctar se transforma em mel / A lagarta se transforma em borboleta / Rompe o casulo, voa no céu / O escravo se transforma em governo / O país inteiro agora é povo seu / Para uma transformação tão grande assim / Existe um nome: é química de Deus”.

Dill, da dupla paulista Os nazireus, compôs De repente com arranjos pesados na abertura muito bem regidos por Melk. Além de falar sobre o Pentecostes, a canção expõe a diferença entre a maneira de Deus e a do ser humano agir.

Seguindo a linha pentecostal, Um novo vencedor (Agailton Silva) foi a primeira canção escolhida para divulgar o trabalho e lembra muito Sabor de mel. Baseada na trajetória de Davi até se tornar rei, a faixa tem arranjos de cordas trabalhados por Carvalhedo e Quiel Nascimento e deixa a certeza de que se já tinha sabor de mel, agora é só vitória.

Se já não bastasse contar com um back-vocal formado por Jairo Bonfim, Wilian Nascimento, Adiel Ferr, Tita Ferr, Josy Bonfim e Rob Olicar, a faixa Glória, escrita pela dupla mineira Irmãs Andradas, conta a participação arrebatadora do Coral RenovaSoul. Mesclando o pentecostal com o estilo louvor e adoração, a faixa é digna de aplausos principalmente com a participação de Jairo Bonfim com sua voz inconfundível.

Depois de anunciar o Apocalipse, Agailton chega agora com Fim do mundo, que começa com pessoas gritando, passando uma ideia de que algo terrível está acontecendo e Melk se superou nos arranjos desta faixa. E para quem lembra bem da letra da outra composição, vai poder conferir novamente Damares cantando sobre a camada de ozônio, as placas tectônicas e as bombas nucleares – “É o universo inteiro assistindo a essa drama / Onde a Terra é levada a sofrimento / Mas para o povo de Deus é a Bíblia se cumprindo / O céu que estará se abrindo a qualquer momento / É o arrebatamento”.

Sacrifício e adoração, da dupla Lázaro e Eduardo, foi gravada anteriormente por Andrey Júnior no disco "Propósito", mas aqui ela ganhou arranjos mais pomposos. A canção abre com uma declamação feita pela cantora durante 45 segundos acompanhada por violinos até que, aos 28 segundos, entram a guitarra e demais instrumentos que complementam a faixa.

Tângela Vieira assina Na mesa do Rei baseado na passagem de Mefibosete, filho de Jônatas que foi resgatado da cidade de Lodebá pelo rei Davi. A canção traz uma mensagem de esperança e ânimo declarando que mesmo que o tempo passe Deus jamais se esquece dos seus – “Disseram que eu não ia conseguir / Disseram que os meus sonhos acabaram ali / Quando os meus pés se quebraram me zombaram / Me criticaram / Me mandaram para a terra de Lodebá, terra que se chamava esquecimento / E naquele lugar sozinho fiquei / Humilhado, desamparado”.

Você deve estar se perguntando: e a música que ela gravou com Lázaro? Chegamos a ela: Derrama Shekinah traz toda a musicalidade da Bahia e ninguém melhor do que o Irmão Lázaro para representar bem o povo nordestino nesse samba bem animado com arranjo de metais produzidos por Quiel Nascimento e Marcelo Victor. Claro que não podia faltar o famoso “Ó, Lord!” que só anima ainda mais essa festa. Pena que o trecho mais bacana foi cortado do encarte – “No ritmo da banda, no acorde da canção / No passo do compasso, no bater do coração / Na glorificação do nome de Jeová / Deus vai abrir o céu e derramar a Shekinah”.

Quem viver verá também remete ao tema de "Um novo vencedor" – a trajetória de Davi. Apesar de ser mais lenta, ela mostra como Deus gosta de ir além da lógica humana e fazer de um simples menino, um rei de toda uma nação.

Roberto Reis, o mesmo que escreveu "Creia no milagre" do "Viva" de Cassiane, assina Adoração sem fim que tem uma pegada mais pop – “A cada dia tenho que vencer / Covas e também fortes leões / Eu tenho que sobreviver o mundo com as suas aflições / Eu não tenho motivos pra parar / O céu que me espera é logo ali / E sei que lá eu não vou me lembrar / Das tribulações que eu passei aqui”.

Agailton Silva dá uma verdadeira aula de citologia (estudo das células) na canção Ação de Deus. A letra é a cara dele com aquelas palavras que não estamos acostumados a ouvir nem em música erudita, mas o compositor tem que tomar cuidado para não ficar repetitivo (ele fala de novo dos vulcões). Ah! E para não ter mais dúvida, histonas são as principais proteínas que compõem a cromatina e atuam como a matriz na qual o DNA se enrola tendo um papel importante na regulação dos genes. :D

As Irmãs Andrads assinam Preciosidade que remete a Diamante. Apesar dos arranjos e da letra serem mais simples, a simplicidade transmite uma mensagem muito especial – “Muitos olham pra você e não conseguem ver o teu valor / Te criticam, te desprezam por não conhecerem seu interior / Mas não sabem a historia linda que Deus escreveu para sua vida / Simplesmente uma pedra preciosa no meio do barro, porém escondida / Mas o garimpeiro tanto, tanto insistiu, que no meio do barro ele viu a pedra escolhida”.

No melhor estilo "Viajando pelo Brasil" de Lauriete, O Brasil é do Senhor ajuda a decorar o nome dos 27 Estados brasileiros. A canção é muito gostosa com o acordeom de Eron e William Santos e a percussão de Zé Leal. As partes mais engraçadas são do Paraná, terra de Damares que tem o sabor de mel, e quando fala do Rio de Janeiro a faixa entra no ritmo do samba.

Fechando o repertório temos a regravação de Consolador, canção de Anderson Freire gravada anteriormente por Rayssa & Ravel no disco "Como você nunca viu". Damares mostra sua versatilidade em canções de adoração e é acompanhada mais uma vez pelo Coral RenovaSoul. A interpretação de Damares encerra o repertório com chave de ouro, ou melhor, do mais puro e belo Diamante.
Diamante

(CD) 01/10

(5,0/5)
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Rafael Ramos

Rafael Ramos é membro da Igreja União Evangélica Pentecostal em Parada de Lucas (RJ). É um jornalista apaixonado não só pela música, mas também pela história do gospel mundial. Criador do site Gospel no Divã no ar desde 2008, é usuário quase compulsivo de redes sociais e amante de uma boa leitura.


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