Análises

Petra faz releitura de seus antigos sucessos no disco Back to the Rock. Confira nossa análise

Georgeton Leal em 16/05/11 5955 visualizações
Às vésperas de 40 anos de carreira, a veterana banda de rock cristão Petra surpreende a todos com um inusitado retorno aos palcos após cincos anos desde a sua turnê de despedida em 2005 (“Farewell”).

Talvez, para a maioria, a surpresa maior tenha sido o fato de a banda ter voltado com sua clássica formação oitentista (Greg X. Volz – vocal, Bob Hartman – guitarra, John Lawry – Teclados, Mark Kelly – Baixo e Louis Weaver – bateria). Os fãs com certeza ficaram imaginando como seria ainda a performance da banda e como ficariam os antigos sucessos regravados com uma roupagem mais atual. Eu, pelo menos, ao saber dessa notícia, fiquei completamente impressionado! A ressurreição de uma lenda do rock estava prestes a acontecer!

Pois bem, em 2009, logo após John Lawry ter produzido o 12º cd solo de Greg Volz (“God Only Knows”), que por sinal, ficou muito bom, suspeitava-se de uma nova reunião dos antigos membros do Petra para alguma provável turnê, uma vez que Greg possivelmente também já cogitava sobre isso.

Assim, no primeiro semestre de 2010 surgia a notícia sobre o lançamento de um novo trabalho que marcaria a volta da banda. Com excelentes “string sections”, o álbum intitulado Back To The Rock seria o presente que muitos fãs nem sequer esperavam depois de tantos anos.

Sem perca de tempo, o site oficial foi então inaugurado e a agenda foi aberta para os shows da turnê mundial, a qual começaria logo no final do mesmo ano. Vale ressaltar ainda que a arte futurística da capa deste lançamento trouxe uma referência bastante “nostálgica” ao projeto fonográfico que nos lembra bem os antigos Lps do Petra.

Apesar de tudo, antes de ouvirmos Back To The Rock há uma observação que deve ser levada em consideração: é fato que a voz de Greg Volz apresenta certas diferenças nos agudos se comparada às gravações antigas de quando ele era mais jovem, o que pode causar certa estranheza para os fãs mais conservadores. Mas sabemos que mesmo assim, esse caso não desqualifica o vocalista, que acabou por provar neste cd que continua dando conta do recado.

Outro ponto a ser observado é que algumas músicas tiveram sua tonalidade baixada e/ou certas adições de arranjos, mudanças essas que não chegam a afetar a essência das canções, mesmo porque, a banda continua em boa forma e com um ótimo senso musical.

Mas em se tratando do repertório, vamos então às músicas do mesmo.

Na faixa de abertura temos Bema Seat, tocada agora com mais agressividade do que na versão do Lp “Not Of This World” (1983). Essa música é uma alusão ao tribunal de Cristo, onde nossas obras serão provadas no fogo. Como a maioria das composições, essa também é de autoria do guitarrista Bob Hartman, o qual dispensa comentários.

Vinculando a empolgante sequência, vem a energética Clean, que declara intensamente que fomos limpos pelo sangue de Cristo. Assim como em boa parte das regravações, esta faixa mantém quase o mesmo padrão de back vocal das versões originais.

A emblemática Angel Of Light, do disco “Never Say Die” (1981), ganhou uma excelente releitura digna de prêmio. O solo de guitarra foi reforçado, dando mais ênfase à destreza de Bob Hartman. Essa faixa é uma representante forte da legitimidade que a banda sempre teve em seu estilo.

Na quarta faixa, encontramos a surreal Rose Colored Stained Glass Windows. Com um belíssimo arranjo de cordas, a instrumentalização desta música chega a superar sua versão anterior e nos transporta a momentos de extremo enlevo espiritual. Impossível não se comover.

Continuando com os clássicos, Godpleaser igualmente ganhou uma sonoridade moderna bem precisa, tornando-se muito mais robusta. Second Wind, mesmo tendo uma significativa mudança de altura, manteve-se fiel à levada original, com destaque para o solo de teclado de John Lawry.

More Power To Ya, um dos grandes singles da banda, não poderia deixar de marcar presença. A introdução teve mudanças mínimas, mas o refrão ganhou um potencial a mais nos arranjos. O encorajamento transmitido pela letra é excepcional.

Em seguida vem Let Everything That Hath Breath (Praise The Lord), também integrante do disco “More Power To Ya” (1982). Composta por Greg Volz, esta música traz o rock peculiar do Petra em seu estilo mais simples e linear.

Grave Robber é outro lindo clássico de renome que vem logo em seguida. Esse, talvez, seja um dos hits antigos mais conhecidos do Petra. No Brasil, ganhou uma versão feita pelo Grupo Hagios que ficou conhecida como “Ladrão de Sepulturas”. A letra retrata sobre a inevitabilidade da morte em contraste com a esperança de vida eterna dada por Jesus. Esta nova versão se diferencia de suas outras três precedentes (uma de estúdio e duas ao vivo) pela singeleza dos arranjos adicionais e alguns efeitos de relance.

Saindo das baladas e entrando novamente no rock, temos Adonai, gravada originalmente no histórico álbum “Beat The System” de 1984. Esta canção possui arranjos bem marcantes e característicos, os quais foram mantidos quase que idênticos à versão original, mas com um diferencial a mais na “pegada da guitarra”. A letra enfoca a adoração e a busca incessante por Deus.

Poucos sabem, mas a faixa título Back To The Rock é uma regravação de “The Rock”, do cd “God Only Knows” de Greg Volz. A versatilidade do Petra também trouxe algumas mudanças interessantes nos arranjos, principalmente na introdução. Ao contrário das outras, esta canção não possui nenhum solo, mas isto não chega a desmerecê-la em qualidade.

Fechando o álbum com chave de ouro, cheguemos agora no “recheio surpresa” do cd, pois se trata da mais nova música do Petra desde o lançamento de “Jekyll & Hyde” (2003). Por ser inédita, Too Big To Fail gerou inúmeras expectativas e o resultado dela não decepcionou, pois a mesma é de arrepiar. A letra, abordando sobre a grandeza e o poderio de Deus, mesclada juntamente com o dinâmico rock da banda é um dos destaques especiais do álbum. Para quem espera um cd inédito do Petra, essa música deixou um enorme “gostinho de quero mais”.

Realmente, fazer uma análise sobre um trabalho do Petra não é fácil, pois se trata de uma banda que já possui décadas de estrada e um conteúdo discográfico muito amplo, com músicas que exploram diversas vertentes do rock.

Apesar de eu ter acompanhado a trajetória de Bob Hartman & Cia a tantos anos, creio que este review ainda não seria suficiente para apresentar um trabalho tão excelente como o que foi feito neste cd. No entanto, vejo que esta análise pode mostrar com breve clareza um resumo objetivo deste lançamento para quem ainda não conhece muito o trabalho desta incrível banda de vanguarda do rock cristão mundial.

Por fim, embora Back To The Rock tenha despertado opiniões diversas da crítica e dos fãs do Petra em todo mundo, sabe-se que o mesmo trouxe à tona novamente a admiração e o apreço pela banda outrora perdidos pelo público através dos anos em meio ao surgimento de tantos artistas e bandas no mercado cristão nas últimas duas décadas.

No demais, devo ainda lembrar que este cd não se trata de uma proposta musical inovadora da banda, mesmo porque o intuito da mesma neste trabalho é simplesmente a releitura de antigos sucessos que até então, estavam sendo esquecidos e mereciam ser revalorizados, a fim de perpetuar ainda mais o legado do Petra para as gerações posteriores e também presentear os fãs de longa data.

Resta-nos agora esperar pelo lançamento do DVD que foi filmado no início deste ano e quem sabe, um cd com composições inéditas que provavelmente poderá ser gravado em breve.

Nota: ★★★★
Back to the Rock

(CD) 04/11


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Georgeton Leal

Professor formado em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e blogueiro literário nas horas vagas.


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