Análises

O amor de Deus (Sérgio Lopes)

Georgeton Leal em 09/01/06 27646 visualizações
De todos os trabalhos do poeta Sérgio Lopes, creio ser este um dos mais bem elaborados, tanto em produção musical quanto na interpretação. Depois da ótima vendagem do álbum “Lentilhas”, com mais de 100.000 cópias vendidas, o cantor retorna aos projetos de seu novo álbum ao vivo, intitulado “O Amor de Deus”, já por nova gravadora, a recente Art Gospel.

Gravado no teatro Guararapes (Recife) em 15 de setembro de 2005, este surpreendente lançamento conta com um repertório de 10 músicas inéditas e 4 regravações de antigos sucessos (inclusive, o DVD consta com mais músicas regravadas que não estão no cd).

O cd inicia com a faixa-tema, “O Amor de Deus”, de arranjos bem leves, que ficam mais intensos no meio da música, quando o back-vocal faz o contraste no refrão. A letra é excepcional ao título da música: “Passe o tempo que passar, ninguém jamais saberá se teve amor, se não se envolver no amor, verdadeiro e puro amor de Deus”.

“Me Convencer” é outra faixa emocionante, uma verdadeira poesia interpretada fixamente através de uma letra inteligente, o que já é marca registrada do cantor.

No estilo mais clássico de Sérgio, temos “Em Teu Olhar”, de caráter reflexivo e de letra segura, bastante parecida com as canções de seus álbuns antigos.

De ritmo bem descontraído, “Tanto Faz” inicia com a base da guitarra, acompanhada mais na frente pelo sax. Esta canção fala de Jesus como o amigo incomparável, e que nada pode trazer tanta paz quanto Ele. E o resto, tanto faz...

De melodia mais convencional e letra forte, “Amor Constrangedor” fala do amor incondicional de Jesus mostrado em seu sacrifício na cruz.

Seguindo o mesmo estilo da faixa anterior, “Assim Diz o Senhor” difere pela letra de conforto e pela melodia mais própria em combinação com a mensagem. Lenta, mais profética.

Inesperadamente, a sétima canção é uma surpresa que poucos poderiam esperar. “Damasco na Cantiga Nordestina” é executado no ritmo “baião”, muito característico do nordeste, acompanhado pelo acordeom. Numa execução bem empolgante, a música faz uma analogia sobre a história da conversão do Apóstolo Paulo no caminho de Damasco. Apesar de não ser bem o estilo de Sérgio Lopes, a inovação encaixou muito bem no repertório.

Em “Quando me Faltar Amor” temos outra canção de segurança em Cristo Jesus. O solo da guitarra em um estilo “blues” dá uma ênfase especial.

No ápice do cd, na nona faixa, está o grande destaque das músicas inéditas. “Tem Misericórdia” é a música mais simples de todas, podendo ser classificada mais como “corinho”. É especial em sua essência, não só por ser congregacional, mas pela ministração feita por Sérgio Lopes. É a faixa mais longa de todas, mais é bem gostosa de se cantar por ser fácil e envolvente.

Encerrando as canções inéditas, temos uma faixa “acústica” no estilo “Voz & Violão”, executado pelo próprio cantor. “Só Porque sou Crente” tem uma letra bem diferente, e fala que apesar de sermos crentes, somos seres humanos iguais a qualquer outro.

Abrindo a seção das canções regravadas, temos a belíssima e inquestionável “Te Amo”, de 1991. O solo de sax foi aperfeiçoado de maneira tal que quase não pode ser descrito em palavras.

Resgatando o primeiro álbum de Sérgio Lopes, temos “Histórias”, um funk acompanhado pelos metais numa sincronia perfeita. A mensagem objetiva fala da infabilidade da palavra de Deus, mesmo fora de nossa compreensão. O interessante desta faixa é também a apresentação de cada instrumento, começando pelo teclado, indo pelo sax, guitarra, baixo e bateria. A evolução técnica dos músicos de Sérgio está impecável nesta canção.

Outro ponto alto do cd está em “O Lamento de Israel”, um dos maiores sucessos do cantor. Os arranjos de violino foram melhorados ao nível de orquestra, e o oboé ficou bem sugestivo. É emocionante ver o público acompanhado esta música.

Fechando o cd esplendidamente, temos um presente para os admiradores do antigo grupo Altos Louvores, estamos falando de “Entre Nós Outra Vez”, que inicia com uma erudita e indescritível introdução das cordas acompanhadas pelo teclados de Vagner Santos. Esta nova versão surpreende pela unção e técnica, que é de deixar qualquer um de cabelo em pé. Os acréscimos na letra do coro abrilhantaram ainda mais com a potência dos vocais. Só mesmo escutando para sentir a extrema unção carregada nesta faixa.

Como um marco na carreira musical de Sérgio Lopes, “O Amor de Deus” não chega a decepcionar em nenhum ponto, pois este trabalho fez uma mesclagem de seu estilo mais clássico com o moderno. Os novos arranjos se adaptaram bem às regravações e as canções inéditas são de excelente bom gosto.

Para quem pensava que já viu tudo sobre Sérgio Lopes, este cd trás um pouco mais do cantor, que se mostrou bem à vontade nesta gravação, a qual é mais uma ótima referência que não pode faltar em casa.
O amor de Deus

(CD) 01/05


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Georgeton Leal

Professor formado em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e blogueiro literário nas horas vagas.


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