Análises

Aeroilis (Aeroilis)

Márcio Heck em 30/11/04 15657 visualizações
Sem grande alarde ou mídia, a banda Aeroílis é a mais recente e grata surpresa para o meio cristão nacional, trazendo algo realmente novo. Faz alguns meses que ouvi as primeiras músicas do grupo, enviadas por amigos, na internet. A partir daí passei a procurar mais informações e logo soube, que a banda estava com o CD de estréia prontinho.

A sonoridade escolhida pelo quarteto catarinense de Florianópolis é única para os padrões do gospel brasileiro. É uma mistura do que de melhor há "lá fora" em matéria de pop/rock alternativo, trazidos a uma versão nacional, passando bem longe dos "clichês" que ouvimos nesse segmento musical cristão.

A bateria e a voz são fatores marcantes no som da banda. Na bateria, Arvid Auras, que é também o principal compositor do grupo, criou uma levada cadenciada utilizando chimbau aberto quase sempre, mesmo nas baladas, o que gera um peso legal quando predominam as guitarras limpas ou apenas violões e teclados.

O vocal, bem trabalhado, merece destaque. A voz de Raphael Campos é singular e transmite fielmente todo o sentimento imposto pelas letras. As linhas de baixo, tocadas por Eduardo Galvani e as guitarras, por Feijão (Fernando Porto) e Raphael Campos (que também é compositor e tecladista), carregam fortes influências do rock alternativo internacional. São bandas como Lifehouse, Travis, Blur, Radiohead e Jars of Clay. Mas o grupo é bom e impõe seu estilo sobre essas referências, usando extremo bom gosto.

As letras são um dos aspectos que também diferenciam a banda das demais. Foram compostas de forma que tanto cristãos como não-cristãos possam ouvir e refletir. Abordam, de forma bem colocada, temas do dia-a-dia, sempre sob a ótica cristã, trazendo de forma poética mensagens edificantes.

A primeira faixa, "Onde encontrei tudo" é iniciada com acordes de violão, mas logo entra todo o conjunto, dando destaque a uma base forte de guitarra com riff marcante, com a batera cadenciada, que é a levada característica da banda. A letra versa sobre o chamado de Deus, que não resistimos deixando nossos caminhos para trás.

Com uma introdução marcante, "Silêncio", que considero a melhor música do álbum, nos traz uma mensagem de confiança, e que ao silêncio, podemos parar e ver os caminhos que nos fazem andar, os caminhos de Deus. Os Arranjos de baixo e guitarra são belíssimos e envolventes.

A faixa três, "Posso ver", é uma continuação da anterior. Na letra, são palavras de alguém que esteve longe, mas que com um toque de Deus, retorna ao caminho e tudo muda novamente. O que se ouve de diferente em relação à anterior é um belo solo de guitarra, algo raro no CD. "O Tempo" é uma das canções mais marcantes do álbum. Foi a primeira que ouvi e creio ser a mais conhecida da banda. No instrumental, muito delay e chorus nas guitarras, que também é um ingrediente fundamental no som do quarteto. A mensagem passada é de ânimo, para os momentos mais difíceis. Quando os nossos sonhos não são alcançados, podemos buscar refúgio na voz de Deus. Sem apelação ou exagero, dependendo do seu estado de espírito, tenha cuidado para não chorar - aliás, não apenas nesta canção, mas em diversas no álbum.

Com a mesma atmosfera contendo mensagens positivas, ouvimos "Em suas mãos", "Coragem" (nesta Raphael Campos demonstra toda sua capacidade vocal, de forma muito agradável e tocante) e "Sei o que passou". Esta última tem uma letra especial baseada no Salmo 30:5 - nos lembra que "tudo tem um fim e que não devemos olhar para o que passou, pois a alegria vem em dobro a cada amanhecer."

A oitava canção, "Preso", retrata a situação que por diversas nos encontramos, atados, sem motivação para seguir. Mas erguendo os olhos a Deus saberemos o caminho a seguir. O instrumental, mais agitado no coro, é cativante e a melodia marcante, daquelas que se fica cantarolando o dia todo. Ainda destaco o trabalho vocal, sempre na voz de Raphael Campos. Na nona faixa ouvimos "Os teus olhos". Esta música "quebra" a sequência que vinha o CD, mudando a levada do som. O riff de guitarra soa diferente ao contexto do álbum. Mas após algumas audições isso é superado. A letra tem seu endereço certo: aquele que se encontra longe dos caminhos de Deus, questionando: "de que adianta ter uma vida assim? Você tem a porta e se nega entrar."

Para compensar, a próxima é uma das melhores do álbum. Com um início bem "U2", ouvimos a canção "Eu acreditei", que tem um peso legal no coro, lembrando muito o rock alternativo "gringo". Finalizando o CD ouvimos uma das mais belas canções do álbum: "Sigo em Paz", baseada em teclados (piano), retrata toda a tristeza que existe antes de se encontrar o amor de Deus, razão da vida.

Mas ainda não acabou. Ainda há duas faixas bônus. A ótima "Ter fé" e a experimental "Em meio ao frio e a dor", que viaja por acordes dissonantes. São músicas não menos importantes que as demais do álbum, pois mantém o mesmo nível. O que impressiona na banda é o fato de logo no primeiro álbum, demonstrar um ótimo nível em todos os aspectos. O grupo tem suas falhas, mas podem superar.

Destaco, no geral, as composições, que levam a mensagem da Palavra de Deus de forma natural, sem "religiosidade", tornando o CD um presente ideal àquele amigo que não é cristão. Desejo longa vida à banda, com seus novos planos, agora pela gravadora BomPastor. O CD é recomendadíssimo a pessoas de bom gosto.
Aeroilis

(CD) 01/04


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