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Ouvimos o lançamento de Carlinhos Veiga - Aurora me Raiou. Confira nossa crítica

Tiago Abreu em 29/02/16 1856 visualizações
É irresistível pensar o novo álbum de Carlinhos Veiga como uma nova fase em sua carreira. O ao vivo Chão, lançado em 2011, faz uma retrospectiva de todos os projetos inéditos gravados até 2007. Parceiragens (2014), por sua vez, insere novos elementos através das várias colaborações. Por se tratar de um disco com várias parcerias, a obra soou deslocada e transitória. Seu novo álbum, lançado em 19 de fevereiro deste ano, parece se render – de corpo e alma – em caminhos inéditos.

Aurora me Raiou é um EP, mas a duração das faixas, assim como as passagens instrumentais, dá a sensação de um álbum completo. É bem construído. Tem princípio e chega ao fim contando uma história. Os arranjos instrumentais, com colaboração da banda que o acompanha há anos, são fundamentais para a dinâmica da sonoridade. A musicalidade do álbum cria um espectro visual na mente do ouvinte. Tempo e Eternidade, com suas modulações acústicas e eletrônicas, é novidade certeira na discografia de Carlinhos. Esta música dá um tom autobiográfico, mas sem elegia e com esperança. Trem da Vida, no centro da obra, com influências da bossa e toques de piano de Felipe Viegas, se desencontra com a maioria das canções que se via em álbuns como Mata do Tumbá (2002) e Flor do Cerrado (2007).

O tom espontâneo das canções se liga diretamente a ideia que o projeto quer transmitir. O nascer do sol é uma alusão inteligente a um “renascimento” criativo de Carlinhos Veiga junto com sua banda. Outro lado do disco é mais tradicional ao estilo do músico, mas ainda utiliza os novos recursos e linguagens. Navegando o Araguaia conta com violões e acordeom que rouba a cena – juntamente com discursos ao fim em tributo a um dos maiores rios da região Centro-Oeste do país. Foco no interior que se vê também em Gente do Interior.

A única regravação é Menino e que, de certa forma, soa um pouco distante do restante, sem prejudicar, no entanto, a audição. O encerramento Canções de Vitória retrata muito bem o espírito de Aurora me Raiou: Uma sonoridade que evoca novas abordagens e letras delicadas que retratam um homem de meia-idade, confortável em seu estado, mas que projeta esperança em declarações autobiográficas e honestas.

Nota: ★★★★
Aurora me Raiou

(CD) 01/16


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Tiago Abreu

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), escreveu para o Super Gospel entre 2011 a 2019. É autor de várias resenhas críticas, artigos, notícias e entrevistas publicadas no portal, incluindo temas de atualidade e historiografia musical.


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