Análises

Ouvimos o novo CD do Diante do Trono - Eu e a Minha Casa. Confira nossa análise

Tiago Abreu em 08/10/18 2282 visualizações
O Diante do Trono, durante anos de carreira, sustentou seu repertório em canções que pincelavam dramas humanos, mas normalmente pautadas por um discurso centralizado em Cristo. Eu e a Minha Casa é o primeiro lançamento na história da banda a quebrar com este ciclo e traz, além de composições majoritariamente humanas, um discurso que, para o bem ou para o mal, é político. Nada é coincidência. O Brasil, há cerca de quatro anos, vive um acirramento em termos de seus posicionamentos. Em ano de eleições, evangélicos estão no centro dos temas mais polêmicos, e Ana Paula Valadão não quis se manter distante dos impasses. Por isso, é estratégica a regravação do hit infantil agora em espanhol A Los Ojos de Dios e o uso de referências do sucesso de 2001 nos versos de Mulheres Virtuosas.

A maior parte do repertório é direcionado ao público feminino, o qual inclui uma série de participações – como Flávia Arrais, Julissa Rivera, Lu Alone, Marine Friesen, Nena Lacerda, Nívea Soares, Roberta Izabel e Soraya Moraes – e centrado na defesa de Ana Paula Valadão de uma forma conservadora de ser mulher diferentemente da filosofia feminista. O disco é uma tentativa sutil de defesa às críticas que recebeu ao criticar ao que chama de "ideologia de gênero" quando canta "Menina você não precisa / Vestir de vitrine / E mostrar mais do que deveria" em Valorize-se e, principalmente, quando faz referência às polarizações políticas em Sou Ester para bradar "Dócil e submissa sou sábia, sou mãe da nação".

A musicalidade do álbum é suave e gentil na execução de instrumentos como teclado e em seus arranjos vocais. Mas a experiência sonora do disco, diante da direção lírica, se torna plástica e superficial. Apenas a interpretação de Nívea Soares em Noiva Amada transmite intensidade coerente com uma composição de nível superior. "Queixo pra Cima", alvo de chacota por parte de internautas, não fez parte. No entanto, sua ideia de retratar mulheres como princesas é um ponto que sustenta as letras do álbum (Agora eu Vejo). Eu e Minha Casa está longe de ser um trabalho relevante dentro dos 20 anos de discografia do Diante do Trono, mas fornece uma visão pessoal de como Ana Paula Valadão, compositora da maioria das faixas, se enxerga como cristã.

Avaliação: 2/5
Eu e a Minha Casa

(CD) 01/18


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Tiago Abreu

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), escreveu para o Super Gospel entre 2011 a 2019. É autor de várias resenhas críticas, artigos, notícias e entrevistas publicadas no portal, incluindo temas de atualidade e historiografia musical.


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