Análises

Ouvimos o primeiro lançamento inédito de Novo Som em 9 anos - Deus É Mais. Confira nossa análise

Tiago Abreu em 17/12/18 2652 visualizações
Há cerca de 15 anos, quando o ex-baixista Lenilton deixou o Novo Som para fazer parte de outros projetos, o trio formado por Alex Gonzaga, Mito Pascoal e Geraldo Abdo parece se segurar na sonoridade pop oitentista para preservar o tom clássico da banda que, em 2018, completa 30 anos do lançamento do primeiro trabalho. Lenilton, por sua vez, ainda atuou no single "Espelho" lançado em 2014 e no registro ao vivo 25 Anos (2016), mas não deixou de acusar a banda, publicamente, de assumir um legado artístico supostamente protagonizado por suas letras e pela voz de Gonzaga.

O debate envolvendo os integrantes e ex-membros está ancorado no argumento de que desde Vale a Pena Sonhar (2004) o Novo Som, ao invés de criar forças internas para substituir a lacuna autoral de Lenilton, se firmou com compositores externos para simular uma sonoridade referenciada aos álbuns noventistas do grupo. Em termos musicais, Estação de Luz (2009) manteve os mesmos elementos sonoros, mas com uma indicação de que o grupo, outrora entre os mais grandiosos atos evangélicos da década anterior, estava aos poucos se posicionando a um papel contemplativo e fora das posições de vanguarda.

Deus É Mais, EP de inéditas curto do Novo Som, chega após um enorme período de silêncio do grupo em torno de obras inéditas. É até um número de faixas pequeno para um trio há tanto tempo sem liberar álbuns. Musicalmente, o registro parece ter sido produzido durante as sessões de Estação de Luz. O tecladista Mito Pascoal, compositor de Tocha Humana, mantém a direção sonora do trio em um instrumental surpreendentemente vigoroso. Fora a canção, o EP do Novo Som é mais lento e tranquilo se comparado a maior parte da discografia da banda. As letras e melodias evocam hits como "Acredita", mas sem o mesmo impacto. Deus É Mais, composição do hitmaker Anderson Freire, é válida na voz da banda por conseguir criar personalidade em torno de um músico tão regravado. As letras soam como declarações de esperança e continuidade, como a emotiva Um Motivo pra Sorrir, escrita por Davi Fernandes e Jill Viegas, mas com um clima menos intenso, especialmente pela voz de Alex Gonzaga.

Alex, desde as mudanças de formação, se estabeleceu como o ponto de vigor mais importante do Novo Som. Todavia, neste álbum, suas interpretações não conseguem chegar ao mesmo nível imponente de trabalhos antecessores. Seguindo o Caminho, assinada por Anayle e Michael Sullivan, é um claro exemplo. Além dos versos pouco desenvolvidos, Alex parece se acomodar com a irregularidade de suas interpretações. Para uma banda há quase 10 anos sem lançar discos inéditos, Deus É Mais gera a sensação de que este trio nunca esteve tão perto de valorizar tanto o passado ao ponto do presente se transformar em reverência ao antigo, embora a mesma lacuna entre o lançamento e o projeto antecessor possa se configurar como suficiente para agradar aos fãs mais empolgados.

Avaliação: 2/5
Deus É Mais

(CD) 01/18

(4,5/5)
Total de votos: 2

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Tiago Abreu

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), escreveu para o Super Gospel entre 2011 a 2019. É autor de várias resenhas críticas, artigos, notícias e entrevistas publicadas no portal, incluindo temas de atualidade e historiografia musical.


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