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Relembre o review de "The Light Meets the Dark", do Tenth Avenue North, lançado pela Sony Music

Rafael Ramos em 19/01/23 7011 visualizações
Relembre o review de "The Light Meets the Dark", do Tenth Avenue North, lançado pela Sony Music

Considerado a menina dos olhos do selo gospel da Sony Music, o cd The light meets the dark da banda Tenth Avenue North – formada por Mike Donehey, Jeff Owen e Jason Jamison – pode ser considerado item obrigatório para os apreciadores de música gospel internacional de qualidade.

Além dos belos arranjos, o álbum produzido por Jason Ingram, Rusty Varenkamp e Phillip Larue traz 11 canções com letras profundas que nos levam a refletir sobre nossas vidas. Um dos temas presentes em boa parte do repertório é o sacrifício vicário de Cristo e o encarte explorou bem o título do CD – A luz encontra a escuridão – com fotos feitas por Jeremy Cowart coberta por efeitos que passam bem a ideia do disco que usou as cores azul e branco em todo o projeto gráfico idealizado por Beth Lee e Tim Parker.

Abrindo o repertório, Healing begins (Cura começa – Mike Donehey / Jason Ingram / Jeff Owen) inicia com o violão de Mike e ganha mais peso na bateria a partir da segunda estrofe. É desta canção que nasceu o nome do álbum que tem uma letra marcante que fala das vezes em que nos isolamos por causa do medo, mas que a graça de Deus está pronta a nos tornar livres – “Faíscas voarão como a graça que colide / Com a escuridão dentro de nós / Então, por favor, não briguem com essa luz que vem / Deixe este sangue nos cobrir / Seu sangue pode nos cobrir”.

Strong enough to save (Forte o suficiente para salvar – Mike Donehey / Jason Ingram / Philip Larue) tem um instrumental mais denso que a anterior e a mensagem lembra um pouco a canção "Mighty to save" do Hillsong ao falar da capacidade que Deus tem de salvar o homem e lhe proporcionar uma nova vida – “Ele vai quebrar e abrir os céus / Para salvar aqueles que clamam Seu nome / Aquele que o vento e as ondas obedecem / É forte o suficiente para salvá-lo”. Detalhe para o arranjo de cordas assinado por Christopher Carmichael.

You are more (Você é mais – Mike Donehey / Jason Ingram) pode ser considerada uma das letras mais bonitas do álbum narrando a história de uma jovem parada na esquina sem saber quem é de verdade, mas para quem Deus está sempre dizendo – “Você é mais do que as escolhas que fez / Você é mais do que a soma de seus erros passados / Você é mais do que os problemas que cria / Você foi refeita”. Lembra o estilo de Michael W. Smith em canções de sucesso como "Emily" e "This is your time".

“Seria mais fácil / Se Você foi apenas um pensamento na minha cabeça / Simplesmente algo que eu li uma vez / Acredite em mim, seria a minha defesa”. Os primeiros versos de The truth is Who You are (A verdade é quem Você é – Mike Donehey / Jason Ingram) trazem um diálogo entre o homem que insiste não aceitar a verdadeira verdade que está em Cristo e seu sacrifício na cruz do Calvário que nos garantiu livre acesso à Sua presença – “Carne e sangue, você nos oferece / Oh! Para comer o pão e beber o cálice / Oh! Para provar, ver, sentir e tocar / Emanuel / Deus conosco”. O minuto final é carregado pelo som forte da guitarra.

Além dos belos arranjos deste trabalho, vale ressaltar a profundidade das letras contidas em cada faixa que, em algumas vezes, sugere a idéia de diálogos entre o homem e Deus como ouvimos em All the pretty things (Todas as coisas bonitas – Mike Donehey / Jason Ingram / Jeff Owen), uma canção de adoração com bela participação do back formado por Mike Donehey, Jeff Owen e Jason Ingram – “E corremos, corremos, para finalmente sermos livres / Mas nós estamos lutando por aquilo que já tenham recebido”.

Piano e cordas acompanham a letra de Any other way (De outra maneira – Mike Donehey / Jason Ingram) que mostra o poder da onisciência de Deus que é capaz de sondar por completo o nosso interior e que pelo Seu amor é capaz de tomar nossas dores e feridas. Ele nunca rejeita um coração contrito – “Um coração quebrantado e contrito / Eu não vou desprezar, venha como você está / E eu não vou fechar meus olhos / Eu não vou fechar meus olhos / Eu não vou fechar meus olhos / Eu não vou fechar meus olhos”.

A princípio On and on (Assim por diante – Mike Donehey / Jason Ingram / Jeff Owen) parece uma canção de amor entre homem e mulher – “Amor, eu tenho esperado por você / E, amor, eu estava ferido por você / Você não olha nos meus olhos?” –, mas logo percebemos que se trata do genuíno amor de Deus a partir da segunda estrofe – “Bem, a vida, está esperando por você / E a vida, tenho dado a você / Bem, me diga, o que mais posso fazer? / O que mais tenho para provar / Que Eu sou o que você precisa?”. A faixa é encerrada ao belo som de um violino.

Ao som de palmas e do violão, Hearts dafe (A better way) (Corações seguros – Uma maneira melhor – Mike Donehey / Jeff Owen) é uma conversa entre amigos que se encontram e reparam que um deles está totalmente diferente o que leva ao seguinte questionamento “Se as ovelhas conhecem a Sua voz / Agora me diga qual é a escolha para os que não ouviram / E não há necessidade de se alegrar? / Pai, me ajude a entender Porque eu sou igual a ele e, Senhor, ele é igualzinho a mim”.

House of mirrors (Casa dos espelhos – Mike Donehey / Jason Jamison / Scott Sanders / Jeff Owen) é a canção com o título mais interessante do álbum que (desculpem o trocadilho) nos faz refletir sobre os momentos em que não conseguimos ver quem realmente somos e nos convida a quebrar os espelhos para viver a liberdade dada pelo Pai. É uma das mais agitadas do repertório e é pontuada pelo baixo de Ruben Juarez – “Venha, venha / Vamos lançar nossos espelhos para baixo / Sim, venha, venha / Vamos quebrar o vidro no chão”.

Empty my hands (Esvazie minhas mãos – Mike Donehey) tem uma sonoridade acústica e fala sobre as dúvidas e questionamentos que permeiam nossa mente. Até a voz de Mike está mais introspectiva na faixa que dura 5 minutos e, como já falado anteriormente, além do belo arranjo traz uma letra impactante que lembra um diálogo – “Eu tenho vozes na minha cabeça / E elas são tão fortes / E eu estou ficando cansado disto / Oh Senhor, quanto tempo eu vou ser assombrado pelo medo que eu acredito? / Minhas mãos funcionam como um bloqueio desses sonhos em gaiolas que eu não consigo libertar / Mas se eu deixar esses sonhos morrerem / Se eu abandonar todo o meu orgulho ferido / Se eu deixar esses sonhos morrerem / Será que vou encontrar aquilo que me permite viver?”.

Encerrando o álbum, Oh my dear (Oh minha querida – Mike Donehey / Garrett Green) é uma canção semelhante a "You are more" ao falar sobre uma jovem amedrontada com a escuridão da noite e que está perturbada com os segredos que carrega em seu coração. Tudo é narrado ao som das cordas executadas por David e Ned Henry – “Liguei para você, você estava na cama / Mal conseguia distinguir as palavras que você disse / Mas você desejava me ver logo / Então eu me vesti / E saí na neve / E caminhei por uma milha ou quase isso / Senti a fúria do frio sob meu peito”.

Adquira este álbum e não tenha medo, pois, onde a luz encontra a escuridão, é onde a cura começa e essa cura pode te alcançar quando a luz encontra você.

The Light Meets The Dark

(CD) 01/10

(5,0/5)
Total de votos: 1

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Ouças as músicas e saiba mais sobre: Tenth Avenue North

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Rafael Ramos

Rafael Ramos é membro da Igreja União Evangélica Pentecostal em Parada de Lucas (RJ). É um jornalista apaixonado não só pela música, mas também pela história do gospel mundial. Criador do site Gospel no Divã no ar desde 2008, é usuário quase compulsivo de redes sociais e amante de uma boa leitura.


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