Análises

Acústico (Dj Alpiste)

Roberto Azevedo em 27/06/05 32823 visualizações
“Ser ou não ser, ter ou não ter razão, alguma coisa esta mudando no seu coração”. A Banda que se chamava Atos 2 e que mais tarde mudaria de nome e passaria a ser conhecida nacionalmente como Kadoshi, se apresentava em todo o Brasil e DJ Alpiste mostrava para o país o seu ministério: Ministrar o evangelho através do rap.

Hoje com 4 cds lançados e participação mais que especial nos cds do FLG, Renascer Praise, Templo Soul, etc... Alpiste grava o primeiro cd acústico de rap nacional. (A MTV gravou o Marcelo D2 acústico em data posterior, porém lançaram primeiro no mercado).

A capa traz fotos da gravação. Na ficha técnica temos o inconfundível (desta vez acústico) baixo de Ted (Renascer Praise, que acompanha Alpiste desde a gravação do 3º cd – O peso da palavra). Nos teclados Dudu Borges que produz Alpiste desde o cd anterior – Fanático. Na bateria Cleverson e o violão de Guto. Nos vocais e. Beilli, Silveira e Jadiel. A banda é a banda. Beiram a perfeição. O repertório é um desfile pela carreira de Alpiste, porém muitas músicas ficaram de fora. O ideal mesmo seria um álbum duplo.

Alpiste abre lembrando seu primeiro rap que fez sucesso nos tempos de Kadoshi, na verdade ela não chega a cantar o rap, fica apenas no refrão, mas aproveita para apresentar a banda. E que banda.

Faixa título do quarto cd, “Fanático” dá início a festa. Musicalmente falando o quarteto baixo, batera, teclado e violão começam a “quebrar tudo” a partir desta faixa e só param na última. A letra faz uma afirmação ao fato de Alpiste se posicionar como “Servidor do Messias incondicional” e que devemos fazer o mesmo.

“Vencer o mal” foi gravado no segundo cd – Efésios 6:12. No original Alpiste era acompanhado por Robson Nascimento e foi sucesso nas rádios aqui do Rio até entre os não evangélicos. A intro de piano Rhodes atacando nos graves e respondendo nos agudos é tão original quanto excêntrica, mas é só Alpiste atacar com sua reflexão sobre o bandido, filho de mãe crente que se converte que a intro vira do passado.

Membro da banda Sexto Selo, Preto Jay divide os vocais com Alpiste em “Guerreiro do Senhor”. A música aborda vários assuntos. Destaque para a segunda estrofe onde Alpiste faz uma critica consciente contra a banalização da mídia através de programas como Big Brother e Casa dos Artistas. A letra é uma obra prima.

“Eu vejo uma luz” também foi gravado no segundo cd – Efésios 6:12. No original Alpiste era acompanhado por Maurílio Santos. Em um momento Alpiste parece relembrar sua juventude e seus amigos que já não estão mais vivos. Não sei se a letra é biográfica, mas relata alguém inconformado com as fatalidades da vida “Dinheiro é o nome do jogo. Se você não tem você é como um tolo. Infelizmente assim caminha a humanidade. Seja bem vindo a realidade”. Mas que no final descansa na paz que só Cristo pode oferecer.

A partir daí começa a seqüência de 3 músicas do primeiro cd – Transformação.

Com a honrosa e dificultosa missão de substituir Tina, temos a segunda participação da gravação. Jamily Zeidan divide os vocais com Alpiste em “Depois do casamento”, que retrata um diálogo entre um casal, onde o cara quer ter algo mais intimo com sua namorada e usa como argumento o sentimento que existe entre eles, mas a garota mostra que uma coisa não tem nada haver com a outra, ela até gostaria, mas prefere esperar o casamento por causa do seu compromisso assumido com Deus.

Em “Amigos” Jadiel sai do back e divide os vocais com Alpiste. O teclado no fundo é um caso a parte.

Partindo pro charme, é a vez de Silveira sair do back e dividir os vocais com Alpiste em “Cristo Satisfaz” e “Amor” (uma versão do Montell Jordan). A letra das duas músicas nos desperta para a suficiência de Cristo em nossa vida. Alpiste aproveita para ministrar a platéia sobre o amor de Deus.

“Louvado seja” é a musica que passa mais intensidade. É também a musica onde o violão tem mais influencia, cadenciando a música do início ao fim. É um rap cantado sobre uma base do que aqui no Rio chamamos de suingue, muito usado pelo cantar secular Bebeto. O groove do baixo e o refrão são de um original do próprio Bebeto. Ao vivo deve ter sido muito bom.

“Na quebrada” é outra música do quarto cd – Fanático. Conta com a participação do grupo de rap santista Gods Power. Em alguns momentos fica um pouco enjoativa, pois fica repetindo o tempo todo a expressão “minha quebrada” e outras palavras que rimam com a mesma. Essa não da pra ouvir toda hora, mas não compromete.

DJ Alpiste ficou conhecido nacionalmente desde a época do Kadoshi, mas alcançou projeção nacional mesmo em seu segundo cd, especialmente na faixa “Inimigo”, onde ele canta em primeira pessoa, como se fosse o próprio diabo. Aqui no acústico recebeu uma versão mais leve, bem mais pop em relação a versão original. Ficou legal, mas particularmente, eu prefiro a original. É mais densa. Às vezes dá até “medo”.

Fechando o cd “Cidade nua” é mais uma critica contra nossa sociedade materialista que dá mais valor ao ter do que ao ser. E pior ainda, que nos convence a sempre querer ter mais. Que nos convence em sempre estarmos insatisfeitos com o que temos e somos.

Seria redundante falar que o instrumental está o tempo todo atrás quebrando tudo, piano grooveando com baixo. Baixo grooveando com bateria. Todo mundo grooveando junto. E tem também as convenções. E que convenções. Que coisa.

O rap do Alpiste não é tão raiz quanto, por exemplo, o do Apc 16. É um rap mais comercial. Porém no seu estilo ele é o melhor. Como disse no início o ideal seria um álbum duplo. Mas Deus sabe todas as coisas. Sabe mesmo.
Acústico

(CD) 01/04


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Roberto Azevedo

Editor-chefe do portal SuperGospel desde 2005, assessor de imprensa da cantora Marcela Taís desde 2012 e sócio da agência 2RA que hoje já conta com mais de 100 lançamentos nas plataformas digitais. Ainda exerce a função de Logística na MM7 Comunica, na AS Records, na Labidad Produções e na gravadora Futura Music (sediada na Bélgica) representando a empresa no Brasil.


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