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Antígona como raiz de uma Flordelis

Redação em 13/07/19 252 visualizações

Os termômetros cariocas chegaram a marcar 17 graus naquele fim de tarde de sábado quando, num impulso de inverno, decidi interromper a visita mensal à minha avó, no Largo do Machado, para tentar um lugar na lista de espera do Teatro Poeira, na rua São João Batista, e assistir à montagem de Andrea Beltrão em ‘Antígona’, de Sófocles, com direção de Amir Haddad.

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Na medida em que o público ia aumentando aos pares, minha expectativa de conseguir um assento na plateia diminuía, e eu me culpava por não ter pensado em comprar com antecedência meu ingresso para aquela segunda temporada disputada da famosa tragédia grega, interpretada por Andrea em solo no teatro que construiu ao lado de Marieta Severo, numa Botafogo quase Copacabana.

“Senhor Márcio Moreira?”, a voz do funcionário atrás do balcão interrompia e punha um fim na minha autopenitencia quando me anunciou que havia uma desistência e que meu lugar era ótimo. “Que sorte a minha!”, pensei. E no que pensei, já estava ocupando minha cadeira 11 Z na lateral direita da plateia, inalando o perfume caro daquela gente da zona sul.

No palco, recebendo a plateia maquiada, mas sem encenação, estava a carioca que brilha na TV desde os anos 80, sem nunca ter aberto mão do teatro. Saudando a todos com “boa noites” individuais, Andrea bebia garrafas d’água aos goles enquanto sorria e brincava com o público deixando claro que ‘Antígona’ ainda não haveria de chegar até antes da terceira campa. “Já são nove?” perguntou a alguém da produção que lhe acenou positivamente com a cabeça. “Bom, então vamos lá”, concluiu direta se deixando tomar pelos múltiplos personagens que interpretaria com a habilidade de uma atleta olímpica.

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‘Antígona’ é uma das mais tradicionais tragédias gregas escrita por Sófocles há mais de dois mil anos e narra a história da filha de Édipo com Jocasta, condenada à morte por ter enterrado com as próprias mãos o corpo do irmão Polinices, depois de ter sido decretado traidor por Creonte, em Tebas. No Brasil, recebeu a tradução genial de Millor Fernandes e em cena Andrea e Amir Haddad esculpiram uma dramaturgia contemporânea e ágil para que a atriz desse conta, sozinha, de nos conduzir à essa história de perdas e danos.

Enquanto Beltrão, poderosamente, nos ciceroneava a uma Tebas imaginária vestindo e despindo a árvore genealógica de Antígona, lembrei-me da Deputada Federal mais votada nas últimas eleições, a cantora gospel Flordelis, que vive uma tragédia familiar real neste mesmo instante.

Assim como Jocasta que teve o marido assassinado pelo próprio filho, Flordelis segue no alvo do noticiário policial brasileiro, tendo que prestar explicações sobre o inexplicável. Uma arma que aparece em casa, um celular que desaparece sem deixar vestígios e a falta de respostas num cenário onde o culpado pode ser qualquer uma das mais de 50 crianças que a cantora pôs pra dentro de casa atendendo a um chamado divino de combater a criminalidade com suas próprias mãos.

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À que destino cruel, moldado pelos Deuses, a linhagem de Édipo estava fadada? Como tamanha desgraça pôde bater à porta de uma distinta servidora pública que alimentou os filhos naturais e adotivos cantando louvores à Deus?

Enquanto a arte segue imitando a vida, vivemos nos nutrindo da mesma arte para dar conta de uma realidade cada dia mais difícil e surpreendente. Aos poucos, a compaixão com Flordelis foi se tornando desconfiança e até seu doloroso depoimento em rede nacional foi posto em cheque pelos crentes de plantão, mestres em julgamento que, infelizmente, muitas vezes se parecem mais com Pilatos do que com Cristo.

Sai do “Poeira” atônito, pensando na beleza fria de Antígona, que com seu jardim da vida ressecado, morreu, e que a assim como a triste história de Flordelis, ainda sem solução, lembra demais a canção do Djavan que abre com o suspiro trágico épico: “Valei-me, Deus!”

É isso, Pará, o Rio segue frio por dentro e por fora da gente.

Ouça um dos louvores mais famosos de Flordelis

CURTAS CONEXÕES

Gabi Sampaio conquista o Brasil com ‘Lindo És’ e lança álbum de versões

Ano passado a mineira Gabi Sampaio surgiu com destaque no cenário musical evangélico com a versão em português da canção Lindo És (Beauty, Beauty), que já acumula milhões de plays nas plataformas de streaming e é cantado em cultos ao redor de todo o Brasil. Este ano, Gabi acaba de lançar o álbum “Até que Toda Terra Cante”, onde reúne 8 versões de grandes sucessos da música evangélica.

Ouça o álbum de Gabi Sampaio aqui

Expoevangelica 2019 apresenta revelações da música gospel

Aconteceu em Fortaleza, no último fim de semana, a Edição 2019 da Expoevangélica, a maior feira de exposições do segmento gospel do Nordeste do país e, como sempre, serviu como plataforma de divulgação de novos talentos da música evangélica. De acordo com Pastor Eveton, um dos grandes destaques no palco principal desta edição foram os Ministérios Be One Music e Atitude, ambos do Rio de Janeiro, que debutaram no evento com shows cheios de unção que marcaram o povo cearense.

Conheça a Be One Music

Conheça também o Ministério Atitude

Falando em feira gospel...

A ExpoCristã 2019 que acontece na capital Paulista e é considerada o maior evento do segmento na América Latina, reúne os grandes expositores do mundo evangélico e já está à todo o vapor com os preparativos para os dias 17 à 20 de outubro. Uma das revelações deste ano será a curitibana Nicoli Francini, que prepara seu novo single ‘Vitória’ e já é presença confirmada no stand da AS Divulgadora e Marcelinho Machado.

Conheça um pouco da musicalidade de Nicoli Francini