Análises
Relembramos um clássico da Oficina G3 lançado em 1996 - Indiferença. Confira nossa crítica retrospectiva

Indiferença, lançado em 1996 com produção musical e arranjos de Paulo Anhaia, é o ápice coletivo da banda na década de 1990. Também é o ponto alto de Luciano Manga como intérprete e frontman, uma estreia respeitável da dupla Duca Tambasco e Jean Carllos, contribuições fundamentais de Walter Lopes e a consagração de Juninho Afram como compositor e homem das seis cordas. Não é, em nenhum momento, um exagero: O disco ultrapassa qualquer limite imposto nos anteriores Ao Vivo (1990) e Nada É Tão Novo, Nada É Tão Velho (1993) e leva o quinteto a um status de poder e força musical até então inédito.
Àquele momento, eles provaram que poderiam fazer um som mais encorpado e agressivo. Entre canções mais pesadas e que flertam com o heavy metal como Profecias, há também baladas e momentos mais espirituais. É um contraste que tem o seu valor. Novos Céus estava ali para provar que a Oficina G3 poderia e deveria ser muito mais do que basicamente uma banda de "rock pesado". Embora Juninho participe de grande parte das músicas como vocal, é inegável que Luciano Manga roube a cena. Com sua interpretação espontânea, mas muito mais centrada que no lançamento anterior, ele faz aqui uma das suas melhores performances logo na abertura em Davi, hard melódico de reverência oitentista. E é exatamente em canções de maior imposição e rapidez, como Não Temas, que o cantor deixa sua maior marca como intérprete.
Como cantor, Juninho cumpriu bem a função na maior parte do tempo, embora Your Eyes, mesmo com a devida leveza e sua sonoridade etérea, pediu um sotaque melhor. Da mesma forma, sua voz em Espelhos Mágicos soou melhor em gravações posteriores, como no disco Acústico (1998) ou até mesmo nas roupagens feitas ao vivo na turnê de Além do que os Olhos Podem Ver. Mas ele rompe todos os seus limites quando faz o que melhor sabe: ser guitarrista. Seu solo em Glória Inst. é arrebatador, e consegue, até mesmo, ofuscar a própria canção cantada.
As passagens instrumentais não são tão efetivas com o restante do repertório, mas se encarregam em mostrar o que a cozinha é capaz. Mesmo assim, Duca's Jam, com Duca Tambasco no centro das atenções, ainda fica um tanto quanto perdida no disco, bem diferente da conexão feita nos instrumentais tocados por Juninho. Melodicamente, o disco é marcante. Magia Alguma está, de longe, entre as melhores baladas da banda enquanto canções mais agressivas em som, como a crítica social Indiferença, não deixam a desejar. Indiferença é um disco bem calibrado, esforçado e sua importância e sucesso na discografia do G3 não é gratuita.
Nota: ★★★★

Ouças as músicas e saiba mais sobre: Oficina G3
Veja também no Super Gospel:
- Tarik Mohallem lança “Minha Esperança” em versão inédita e um clipe cinematográfico emocionante
- Jéssica D’Ávila lança o single “A Paz”, uma música para aquecer o seu coração
- "Jesus é meu mentor”, diz Mércia Araújo, especialista com atuação internacional
- Há quase cinco anos no ar, Programa Sempre Melhor impulsiona audiência da TV do Bem

Tiago Abreu
Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), escreveu para o Super Gospel entre 2011 a 2019. É autor de várias resenhas críticas, artigos, notícias e entrevistas publicadas no portal, incluindo temas de atualidade e historiografia musical.
Comentários
Para comentar, é preciso estar logado.
Faça seu Login ou Cadastre-se
Se preferir você pode Entrar com Facebook