Análises

João Alexandre apresenta critica e gera polêmica em novo CD

Roberto Azevedo em 12/12/07 29777 visualizações
No final dos anos 60 teve início o grupo Vencedores por Cristo, sob a liderança do missionário Jaime Kemp. A iniciativa almejava ser mais do que apenas um grupo musical, mas também um celeiro para que universitários e pré-universitários pudessem usar a música como um instrumento para falar do amor de Deus.

Até os anos 80 mais de 450 pessoas haviam passado pelas equipes VPC. Neste período surgiu uma série de grupos com uma proposta sonora pioneira para a época. Entre eles, Milad, Logos, Rebanhão (com Janires, Carlinhos Félix, Zé Canuto e Pedro Braconot), Coral Renascer, Shirley Carvalhaes, Luiz de Carvalho, entre outros, que passaram a mudar o cenário musical evangélico.

Em 1986 o grupo Milad gravou seu primeiro álbum. Ainda se chamavam Água Viva e assim como seu contemporâneo, o grupo Logos, liderado pelo pastor Paulo César (ex grupo Ello) também realizavam apresentações evangelísticas. Entre os seus membros estava João Alexandre, que hoje é sinônimo de musica cristã com qualidade e comprometimento com os princípios bíblicos.

Ainda nos anos 80 João Alexandre descreveu o Brasil em verso e prosa. Naquela época, a canção “Pra cima Brasil” virou hit nas igrejas e até fora delas. Tinha uma letra bonita que versava sobre críticas sociais, que explicavam o repúdio de um cidadão inconformado e preocupado com o futuro da nação.

Em 2007, com quase 25 anos de carreira, ele está em fase de divulgação de seu décimo quarto trabalho, o polêmico “É proibido pensar”, desta vez não só indignado com a corrupção do país, mas também com a superficialidade nas atitudes e postura da Igreja que esta tendo reflexo nas letras da música gospel nacional.

O álbum foi gravado entre julho e setembro de 2007 e esta sendo distribuído pela VPC.

O repertório tem início com Na Tua presença que traz uma interpretação violão e voz de João. O hino é uma confissão comum a todos os cristãos do mundo que versa sobre o lugar de onde nunca deveríamos sair.

Credo apostólico é uma adaptação de uma letra de Stênio Nogueira. A canção que exalta a Divina Trindade (Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo) vem com um belo arranjo de cordas.

Uma parceria entre João e Guilherme Keer gerou Te vejo poeta. O louvor é uma poesia belíssima. “Te vejo poeta, quando nasce o dia e no fim do dia, quando a noite vem. Te vejo poeta na flor escondida...Contudo um poema, Tua obra de arte, destacasse à parte, numa cruz vulgar”. Entenderam?

A VPC também está distribuindo o novo álbum de Guilherme que tem como título esta canção. O disco lançado em 2007 vem com play back incluso.

“Deus tem Seus colaboradores diretos quando se trata de Seus filhos!” Anjos é outro hino de Stênio Nogueira. Neste ele versa sobre casos relatados na Bíblia onde a participação dos anjos foi marcante na vida das pessoas.

Num álbum desses todas as músicas se destacam, mas Feirante é sensacional. Poesia linda com tema inusitado, além de ritmo brasileiro cativante e envolvente. De certa forma relembra um pouco a canção “Casa grande” do cd “Voz, violão e algo mais”.

A música é uma homenagem aos feirantes, mas traz uma mensagem bíblica embutida nas entrelinhas de sua letra. Diz assim no encarte:

“Nesta canção, o compositor juntou todos os conselhos de sua avó feirante e decidiu, em forma de poesia, perpetuá-los numa melodia rica de harmonia simples! Quem sabe, a coroa da vida seja "um sonho de açúcar mascavo embrulhado num papel de seda azul" e o Céu seja a "Quitanda da esperança", onde um dia nos encontraremos”.

Paz e comunhão versa sobre hospitalidade e dos frutos provenientes de vivermos em harmonia com familiares, amigos e vizinhos. Como não podia deixar de ser, tudo de forma bem poética.

A faixa título é a quem tem gerado certa polêmica por causa da letra. Confesso que também fiquei surpreso ao ouvir a crítica do João. Mas creio que não se deve fazer tempestade em um copo de água, até porque a música não cita ninguém diretamente.

Se percebermos bem, a música foi feita não como uma crítica, mas como um alerta para a infertilidade do pensamento cristão que tem sido observado no excesso de repetições de temas na música gospel nacional. Trata também de forma bem sutil da comercialização do evangelho e o que isso causado no nosso meio. A questão levantada na letra são alguns erros doutrinários e não o fato dele gostar ou não de determinado ministério.

Polêmicas a parte, musicalmente falando É proibido pensar tem uma pegada contagiante. Excelente!

Pai nosso é uma regravação que também esteve no repertório do disco “O melhor de João Alexandre”. O texto é baseado na oração ensinada por Jesus e registrada em Mateus 6 e Lucas 11.

A seguir temos o hino tradicional Que segurança de autoria de Jane Fanny Crosby. Este hino foi composto por esta mulher que era cega e mesmo assim “enxergava” através da luz da esperança e encontrava sua segurança nos braços do Pai, onde sua alma podia cantar em louvor a Ele.

Num álbum deste naipe não podia faltar um sambinha. Trabalho/Esperança é outro fruto da parceria com Guilherme Keer. E que fruto! “A vida é muito curta para ser desperdiçada. Na batalha diária de todos nós, sem exceção, o melhor é correr atrás do que é eterno, já que do pó viemos e ao pó voltaremos”.

Vou pescar confirma Stênio Nogueira como um dos maiores compositores evangélicos do Brasil. O hino, inspirado na passagem relatada em João 21, onde Jesus aparece a Pedro depois de ressuscitado, é uma composição muito bela. Os arranjos do naipe de cordas dão um toque a mais na canção.

O repertório termina com O que bem quiseres que é uma oração de contrição e entrega a Deus de nosso coração, leia-se aqui, vontades e desejos.

Além deste novo trabalho a VPC também está distribuindo o livro Músico – profissão ou ministério, escrito em parceria com Luciano Garruti Filho.

Valeu galera!

Graça, pazz e jazz para todos!
É Proibido Pensar

(CD) 11/07

(5,0/5)
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Ouças as músicas e saiba mais sobre: João Alexandre

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Roberto Azevedo

Editor-chefe do portal SuperGospel desde 2005, assessor de imprensa da cantora Marcela Taís desde 2012 e sócio da agência 2RA que hoje já conta com mais de 100 lançamentos nas plataformas digitais. Ainda exerce a função de Logística na MM7 Comunica, na AS Records, na Labidad Produções e na gravadora Futura Music (sediada na Bélgica) representando a empresa no Brasil.


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