Análises

Ouvimos o disco mais recente da Comunidade da Zona Sul - Serôdia. Confira nossa análise

Tiago Abreu em 27/05/17 2592 visualizações
Os grupos musicais de comunidades evangélicas foram parte de uma realidade que ficou, em grande parte, na década de 1990. A Comunidade da Zona Sul, como uma das remanescentes deste período, tem conseguido se manter, apesar da pouca quantidade de lançamentos recentes. Serôdia, por exemplo, é divulgado seis anos após A Casa (2011).

Além da distância em termos de tempo, o novo álbum da banda é musicalmente distinto do anterior. Fazendo um passo semelhante ao da integrante Aline Barros, o grupo aproxima o tecladista, produtor musical e Ruben di Souza, responsável pelos registros Graça (2013) e Acenda a Sua Luz (2017).

Ruben e Aline e, especialmente o álbum Acenda a Sua Luz, não são aspectos aleatórios de influência da Comunidade da Zona Sul. O novo disco da banda, gravado em estúdio, puxa das referências de Barros e o produtor para a concepção artística do projeto. O resultado, em termos de musicalidade, é um estranhamento em relação ao trabalho que a Comunidade da Zona Sul desenvolveu ao longo das décadas.

A ficha técnica, por exemplo, indica semelhanças entre os participantes dos dois álbuns. O mesmos backings que atuaram no projeto recente de Aline estão no disco da CEIZS. E a vocalista Julia Peixoto, que ganha maior espaço nas interpretações e um certo perfil de liderança, ainda não desenvolveu uma maturidade vocal que a desvincule do estilo de interpretação da cantora Aline Barros.

Em termos de repertório, o disco mostra a proficiência da banda conhecida em décadas. O Senhor É Bom, single assinado por Edson Feitosa, é uma canção intensa e alegre, com riffs de baixo e muito hammond, além de um intenso solo de guitarra executado por Paul Moak. Apesar da sonoridade que não faz tão jus aos trabalhos do grupo, pode-se afirmar que a comunidade está lá nas letras e na concepção de repertório.

É no single que a CEIZS se mostra com seu aspecto mais forte, incluindo maior participação do coral, porque nas canções subsequentes o trabalho fica mais individualizado. E, a partir disso, o disco soa um conjunto de solos. Julia assina a maior parte das composições. E os arranjos de Ruben, como Vivemos por Algo Maior, Incendiaremos e Do Nascimento do Sol, contam com estrutura pop rock, timbres e loops que poderiam, muito bem, fazer parte de qualquer disco recente de Barros.

Além de sua influência, Aline Barros se faz presente em várias das interpretações. Santo, Justo é a mais brilhante de todas, justamente por sua condução, que recupera grande parte dos vocais coletivos da comunidade. Por outro lado, Não Nego Minha Fé, novamente, conta com uma estrutura que evoca sua carreira solo. Sem grandes espaços para sua própria história, a Comunidade da Zona Sul, com Serôdia, chama mais a atenção por canções específicas do que por seus arranjos e gravação.

Nota: ★★☆☆
Serôdia

(CD) 01/17


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Tiago Abreu

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), escreveu para o Super Gospel entre 2011 a 2019. É autor de várias resenhas críticas, artigos, notícias e entrevistas publicadas no portal, incluindo temas de atualidade e historiografia musical.


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