Ouvimos o mais recente trabalho de Shirley Carvalhaes - Sobrevivi. Confira nossos comentários

Shirley Carvalhaes foi a principal representação histórica do que se chama de música pentecostal no cenário evangélico, e mesmo com a caracterização deste tipo de som em torno de uma sonoridade power pop durante os anos 1990 com os trabalhos de Cassiane e Lauriete, a intérprete se manteve firme com sua obra. Meu Coração É Teu Altar (2016), trabalho que antecede Sobrevivi, foi uma tentativa agradável de aproximar a artista de uma musicalidade mais pop rock, como forma de iniciar um novo ciclo. O EP liberado nas plataformas digitais este ano, por sua vez, faz o curso contrário. Não somente a produção musical de Melk Carvalhêdo, que assinou discos como Quero Te Adorar (1995) e Há uma Saída (2003), introduz um estilo mais carregado de metais e backings, como o repertório é, em parte, uma observação ao passado. Trata-se da regravação de Acima das Estrelas, faixa-título de seu álbum de 1977, agora repaginada em sertanejo típico de sofrência e das próprias temáticas de angústia mais comuns de seus álbuns mais antigos. Retomar ao passado é um recurso interessante quando o álbum quer contar uma história, o que não ocorre com este título de Shirley. Grito da Alma, assinada por Matheus Aguiar, não consegue fornecer o mesmo clímax que "Não Vou Desistir", do projeto anterior. E Carvalhêdo, como produtor, não conseguiu ser tão eficiente nas referências sertanejas como feito recentemente no coeso Feliz Demais (2017), de Rayssa & Ravel. O som, aqui, é diluído em abordagens sertanejas (Explode Coração) e power pop (É Preciso) em um discurso de sofrer que não parece chegar a algum lugar. Sobrevivi tem resquícios da força que constituiu a música e o nome de Shirley Carvalhaes, mas é suficientemente confuso para que não seja lembrado como um momento importante de sua carreira.

Avaliação: 2/5

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