Análises
Ouvimos o trabalho mais recente de Aline Barros - Acenda a Sua Luz. Confira o nosso review

Por outro lado, a parceria entre Aline Barros e Ruben di Souza, iniciada há quatro anos, tem saldo mediano. Com Graça (2013), a cantora não conseguiu manter o equilíbrio musical e interpretativo de Extraordinário Amor de Deus (2011), mas ainda se saiu bem com canções específicas, como "Lugar Seguro" e "Esperança". O ao vivo Extraordinária Graça (2015), eficaz, se aproveitou de um repertório conhecido e certeiro e, em janeiro de 2017, a colaboração se repete no inédito Acenda a Sua Luz.
É importante ressaltar que, em mais de 20 anos de carreira solo, Aline nunca foi uma artista musicalmente ousada e, para o status que alcançou, nem precisou. Ao mesmo tempo que nunca fez um disco consideravelmente à frente de seu tempo, nunca lançara um trabalho que soasse musicalmente ultrapassado com o mainstream evangélico. Porém, com seu novo trabalho, Barros mostra ter perdido a sintonia e retrocede a uma sonoridade que não se conecta com o cenário musical de hoje.
Acenda a Sua Luz é o disco mais pop de Aline desde Fruto de Amor (2003). Mas a sonoridade aproxima-se muito mais de O Poder do Teu Amor (2001), registro que marcou o início das extravagâncias vocais da cantora. Apesar de reafirmar uma constante volta ao território pop já iniciada timidamente desde Extraordinário Amor de Deus, a produção musical não dá conta do recado. A única grande surpresa, com relação ao disco, foi a ótima campanha de lançamento e divulgação feita pela gravadora MK Music, em parceria com a Deezer.
Ruben di Souza, como produtor musical, carregou a sonoridade de sintetizadores e loops previsíveis, evidentemente em Mergulhar e, como músico, demonstra dificuldades de se renovar desde 2012. O excesso total no álbum, inclusive, é perceptível imediatamente no single Depois da Cruz, assinado por Pr. Lucas e Josué Godoi. O timbre de bateria, pesado até demais, é um problema sério em um disco que tenta renovar a música e face artística de Aline Barros mas que, ao contrário, deixa sua imagem mais envelhecida.
Sutileza é uma característica que Acenda a Sua Luz foge a milhas de distância. Os arranjos vocais, constituídos com a participação de Paulo Zuckini, Paloma Possi e Rodrigo Mozart, estão por toda a parte e chegam a sobrepor a influência das interpretações de Aline na obra (Paulo e Silas). Em termos de overdose vocal, a cantora não fica atrás e, numa competição de quem é mais notável, tenta alcançar o máximo de notas agudas. A obra ainda traz Ensina-me a Contar, cuja introdução falada de Aline é tão forçada e desnecessária que "dá vontade de gritar" de desespero.
O curioso acerca do disco é que, apesar de sua produção completamente anacrônica, pesada e agressiva, há méritos no repertório. Algumas boas canções, como Tua Presença É o Céu pra Mim e Outro não Há, mostram que por trás das multicamadas de guitarra, dos teclados e sintetizadores forçados, dos backings e dos vocais estridentes, existem canções bem desenvolvidas no álbum, algumas até com co-autoria de Aline, como Encontro Perfeito, escrita com Marcelo Manhães. Com o pior registro de sua carreira, Acenda a Sua Luz, composto por uma sonoridade datada, enfraquece a discografia de Aline Barros.
Nota: ★

Ouças as músicas e saiba mais sobre: Aline Barros
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Tiago Abreu
Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), escreveu para o Super Gospel entre 2011 a 2019. É autor de várias resenhas críticas, artigos, notícias e entrevistas publicadas no portal, incluindo temas de atualidade e historiografia musical.
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