Análises
Relembramos um dos clássicos de Sérgio Lopes - O Sétimo. Confira nossa crítica

Fugindo dos padrões da época, seu álbum de estreia na Line não trouxe no título nenhuma referência direta a alguma música, mas foi intitulado de O Sétimo apenas pelo sugestivo fato de ter sido seu sétimo trabalho inédito. A responsabilidade da produção ficou por conta do tecladista e integrante do Rebanhão Pedro Braconnot que, inclusive, já havia produzido o primeiro disco de Sérgio no final dos anos 1980. Agora, no entanto, Braconnot se via diante de uma obra mais desafiadora com a qual foi muito criterioso até nos detalhes mais ínfimos. Igualmente, o time de músicos não deixou a desejar, assim como o primoroso time de backing vocals formado por Eyshila, Liz Lanne e Jozyanne.
Engana-se quem pensa que o sucesso do álbum se sustentou unicamente no hit O Lamento de Israel, campeão do Troféu Talento 1998 na categoria Música do ano. Bastante diferente de seus antecessores, O Sétimo apostou em temáticas mais variadas e arriscou até alguns experimentalismos relevantes que resultaram em arranjos potencialmente mais expressivos, como é o caso da participação do naipe de metais e do violino executado por Alexandre Schubert. Outra característica importante a ser notificada é a afinidade de Sérgio Lopes com Israel, que pela primeira vez se tornava explícita, agregou um valor especial à identidade de sua obra e abriu novos horizontes para divulgação de seu trabalho no exterior.
O conjunto das composições totalmente autorais, somado às três adaptações para o espanhol e uma em hebraico, funciona organicamente mesmo com a posição aleatória de algumas faixas na ordem do repertório. A Dor de Lázaro, uma das mais emocionantes do CD, é cantada em primeira pessoa como se ouvíssemos o próprio Lázaro declarando sua aflição perante a crucificação de Jesus (interessante notar que Lopes sempre priorizou a mensagem do sacrifício vicário de Cristo em boa parte de suas músicas). Quando eu Chorar enfatiza o exercício de amor ao próximo tendo como plano de fundo a superação das provações mediante a fé em Deus. Nesta faixa podemos conferir o belíssimo solo de sax executado por Marcos Bonfim, que também participou de diversas produções posteriores de Sérgio. Com forte presença dos metais e percussão, Conclusões discorre a respeito da transitoriedade das convicções humanas em contraste com a vida eterna que Cristo oferece.
Eu Descobri o Amor flerta com uma influência mais sertaneja e mostra a versatilidade do cantor numa tentativa bem acertada de experimentar outros estilos. O Amigo mais Amado expressa a confiança que devemos depositar em Deus mesmo em meio às dificuldades enquanto O Rio da Vida apresenta uma sonoridade acústica levemente despretensiosa e calma. Refletindo poeticamente sobre a situação do povo judeu no cativeiro da Babilônia, O Lamento de Israel nos conduz ao grande ápice do álbum e consegue traduzir eficazmente a comoção dos israelitas pela liberdade que tanto almejavam na época do cativeiro da Babilônia. O acompanhamento do violino em sintonia com a harmonia do teclado e o dedilhado no violão formam a combinação perfeita para este clássico inesquecível.
Sansão e Dalila é um “hino-narração” que conta a saga do forte juiz guerreiro que, ao ceder a uma paixão proibida, sofreu sérias consequências pelo seu pecado. Por fim, Amado em Israel e Como a Corsa trazem um perfil estritamente congregacional que faz jus à participação da Comunidade Evangélica Internacional da Zona Sul nestas duas últimas canções. Acerca da ordem das faixas, seria mais favorável se as músicas Bney Ya’ Akov e Cuando Llore ficassem reservadas no final da setlist como bonus tracks e não misturadas aleatoriamente (aliás, Sérgio evitou cometer o mesmo entrave no CD Gálatas). Contudo, esse fator não põe em risco o equilíbrio do álbum durante sua audição.
Em meio à efervescência crescente que já dominava o cenário da música evangélica nos anos 1990, Lopes foi um dos artistas mais bem sucedidos do período e ganhou seu primeiro disco de ouro pela vendagem de 100 mil cópias do disco O Sétimo, feito considerado notável para um álbum cristão na época (anos depois, ultrapassaria a marca de 250 mil cópias, segundo a ABPD). Seu sucesso nas rádios também foi reafirmado, dando-lhe uma posição privilegiada entre os cantores mais tocados em diversas emissoras do Brasil, isso sem contar com suas apresentações em programas televisivos. O cantor conhecido nacionalmente com “o poeta de Cristo” se superava mais uma vez, provando que música e poesia, aliadas a uma produção eficiente e criativa, podem gerar discos memoráveis, apreciados tanto pelo público como pela crítica.
Nota: ★★★★

Ouças as músicas e saiba mais sobre: Sérgio Lopes
Veja também no Super Gospel:
- Kuka Santos lança novo single e clipe pela Sony Music - Aleluia
- Aretusa lança o single “Confio no Senhor”, após vencer o COVID-19
- Thyago Férsil lança a canção "Meu Tudo" pela Central Gospel Music
- André e Felipe lançam single “A Sós” collab Casa Worship

Georgeton Leal
Georgeton Leal é cristão, membro da Assembleia de Deus em Barreirinhas (MA). É formado em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão, além de atuar como músico em sua igreja local.
Comentários
Para comentar, é preciso estar logado.
Faça seu Login ou Cadastre-se
Se preferir você pode Entrar com Facebook
Em alta
- 1 Daniel Borges inicia sua trajetória na Graça Music com o single “Planos de paz”
- 2 Artigo: 30 erros que o ministro de louvor NÃO pode cometer
- 3 Entrevista: Walter Lopes
- 4 Morando nos EUA, Berenice Cline prepara single com grande nome do sertanejo brasileiro
- 5 Novo projeto de Ton Carfi destaca sua força como intérprete
Mais acessadas
Mais Destaques
Receba as novidades de música gospel diretamente no seu WhatsApp. Seja avisado sobre novos vídeos ou músicas.
Este é um serviço totalmente gratuito e você pode sair quando desejar.