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Um player para pensar a música evangélica

Tiago Abreu em 02/02/18 1470 visualizações

As mudanças no mercado evangélico foram extremas nos últimos três anos. Por se tratar de um segmento outrora muito dependente da venda de CDs e DVDs físicos, a migração para o streaming foi ainda mais radical. Mesmo com o fato de grandes gravadoras disponibilizarem álbuns exclusivamente no formato digital e os grandes artistas hoje serem lançados em número de cópias baixas por tiragem, a música cristã ainda não recebeu um player que se identificasse com as especificidades deste meio.

Mais do que uma questão de sonoridade, a música evangélica se move por meio do discurso. A fé, engendrada nos costumes e vivências, também se faz presente na forma de consumir arte, principalmente música. O que os grandes players pouco pensaram acerca dos evangélicos é que a maior parte deste público só consome músicas cristãs, e a mistura de outros conteúdos em recomendações e reproduções automáticas tornam a experiência do usuário pouco agradável.

Os problemas não param por aí. Parte dos artistas e selos fonográficos promoveram, em 2017, a campanha #VemProStreaming, cuja proposta reforça a importância do mercado digital nesta época. Mas não basta recomendar uma nova forma de ouvir música. O artista precisa conhecer de fato como é o mecanismo pelo qual suas obras são disponibilizadas – o que ainda parece difícil de compreender no seio de tantas mudanças as quais os músicos estão submetidos.

Em 26 de janeiro deste ano, por sua vez, foi lançado o Louve, uma plataforma de streaming para uso em navegadores (de sistemas Windows, Linux, Mac) e aplicativos (para sistemas operacionais Android e iOS) que visa oferecer conteúdo personalizado ao público evangélico. A proposta é de estruturar um time especializado em música evangélica para oferecer playlists para os momentos do dia, de temáticas contextualizadas ao segmento, além das clássicas listas de artistas na série "As Melhores".

Outra proposta do aplicativo, desenvolvido pela Movile juntamente com o Superplayer, é de valorizar os compositores da cena cristã, com uma série de playlists temáticas de letristas e musicistas como Anderson Freire, Elizeu Gomes, Pedro Braconnot, Eyshila, Tony Ricardo, Kleber Lucas, Luiz Arcanjo, entre outros conhecidos por suas composições.

É verdade que o mercado evangélico, para o seu mal, é muito fechado e ainda vê com extrema negatividade a comunicação com segmentos não-religiosos. E é exatamente neste mesmo aspecto que as boas possibilidades em torno destas particularidades foram tão pouco aproveitadas como parece ser no caso do Louve. A partir de um aplicativo especializado e direcionado ao público evangélico, é aberta a chance de, na era do streaming, a música cristã perceber o seu próprio perfil, se conhecer e pensar nos movimentos e nuances que compõem uma história pouco desbravada, no cenário brasileiro, de quase um século de existência.

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Tiago Abreu

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), escreveu para o Super Gospel entre 2011 a 2019. É autor de várias resenhas críticas, artigos, notícias e entrevistas publicadas no portal, incluindo temas de atualidade e historiografia musical.


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