Análises
Ouvimos Retratos de Vida, um clássico do grupo Milad lançado em 1987 - Confira nossa crítica retrospectiva

Um dos discos mais criativos e originais de toda a história da música cristã no Brasil, Retratos de Vida é um projeto pretensioso, robusto, que alinha diversas vertentes e sonoridades ao longo das dez faixas. As letras da obra trabalham temáticas como caos social, fome, desigualdade econômica, sexo, prostituição, solidão humana, cenário noturno comum de metrópoles como a maior cidade do país, São Paulo.
Mas o grande triunfo do álbum está na sonoridade. Da mesma forma em que intrica temas, une diversos gêneros ao seu favor. Platéia dá abertura a narrativa com influências da bossa com um forte arranjo de metais, enquanto disserta sobre a elite musical brasileira. Antagonicamente, o projeto segue com a melancólica Esquinas Cruéis, conduzida em teclado, voz e cordas, nos vocais e composição de João Alexandre, enquanto a visão de uma prostituta – triste e solitária – se entrelaça à interpretação suave, embora marcante do cantor.
O álbum é cheio de antíteses e usa do recurso com vontade, sem abusos. A prostituição e o pouco valor humano ganha contraste frente à redenção oferecida por Cristo. Pobres Ricos e Meninos de Rua, uma ao lado da outra, reforçam os antagonismos. Tantas contradições apenas fortalecem a ideia de desigualdade proposta no projeto.
Olhos no Espelho, grande triunfo de João, ganha força pelas suas variações harmônicas e instrumentais. As suaves Instrumental III e Instrumental II e o destaque dado nas linhas de baixo pelo baixista e arranjador Toninho Zemuner formam espectro digno de trilha-sonora para um filme. Solidão de Ilha, escrita por Vavá Rodrigues e com influências da MPB, é mais direta e incisiva sobre os anseios e paixões humanas sobre a paz. A única faixa que realmente destoa e sobra na obra é Virada Radical, cujo new wave tão característico das bandas de rock nacionais oitentistas é tributado com versos previsíveis.
Retratos de Vida, assinada por Toninho em parceria com Alexandre Rocha, resume e conclui bem o projeto, com a coragem e sinceridade de falar da cidade e o espaço urbano. Gravado nos meses mais frios do sombrio ano de 1987, a obra consegue trazer o olhar de jovens que viveram uma das épocas difíceis na economia brasileira, mas com a esperança de quem também credita a Deus a solução para estas causas.
Nota: ★★★★
Mas o grande triunfo do álbum está na sonoridade. Da mesma forma em que intrica temas, une diversos gêneros ao seu favor. Platéia dá abertura a narrativa com influências da bossa com um forte arranjo de metais, enquanto disserta sobre a elite musical brasileira. Antagonicamente, o projeto segue com a melancólica Esquinas Cruéis, conduzida em teclado, voz e cordas, nos vocais e composição de João Alexandre, enquanto a visão de uma prostituta – triste e solitária – se entrelaça à interpretação suave, embora marcante do cantor.
O álbum é cheio de antíteses e usa do recurso com vontade, sem abusos. A prostituição e o pouco valor humano ganha contraste frente à redenção oferecida por Cristo. Pobres Ricos e Meninos de Rua, uma ao lado da outra, reforçam os antagonismos. Tantas contradições apenas fortalecem a ideia de desigualdade proposta no projeto.
Olhos no Espelho, grande triunfo de João, ganha força pelas suas variações harmônicas e instrumentais. As suaves Instrumental III e Instrumental II e o destaque dado nas linhas de baixo pelo baixista e arranjador Toninho Zemuner formam espectro digno de trilha-sonora para um filme. Solidão de Ilha, escrita por Vavá Rodrigues e com influências da MPB, é mais direta e incisiva sobre os anseios e paixões humanas sobre a paz. A única faixa que realmente destoa e sobra na obra é Virada Radical, cujo new wave tão característico das bandas de rock nacionais oitentistas é tributado com versos previsíveis.
Retratos de Vida, assinada por Toninho em parceria com Alexandre Rocha, resume e conclui bem o projeto, com a coragem e sinceridade de falar da cidade e o espaço urbano. Gravado nos meses mais frios do sombrio ano de 1987, a obra consegue trazer o olhar de jovens que viveram uma das épocas difíceis na economia brasileira, mas com a esperança de quem também credita a Deus a solução para estas causas.
Nota: ★★★★

Ouças as músicas e saiba mais sobre: Milad
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Tiago Abreu
Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), escreveu para o Super Gospel entre 2011 a 2019. É autor de várias resenhas críticas, artigos, notícias e entrevistas publicadas no portal, incluindo temas de atualidade e historiografia musical.
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