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Ludmila Ferber provou que intensidade e fragilidade podem andar juntas
Com três décadas de discografia, a cantora era muito mais do que uma intérprete congregacional


Um dos principais ícones congregacionais, a cantora e compositora Ludmila Ferber (em foto de 2015 capturada por Karen Kardoso) morreu aos 56 anos na noite desta quarta-feira (26) vítima de câncer. A partir do diagnóstico, a cantora se viu em uma situação semelhante a outros artistas obrigados a conviver com o câncer. Acompanhamentos médicos frequentes, notícias falsas sobre morte e uma expectativa do público sobre a cura.
Ninguém esperava que tamanha resiliência estaria reservada para Ludmila, conhecida por sua influência autoral e estética no louvor congregacional, e que atravessou três décadas de discografia farta e de altos e baixos.
Ao estrear no Koinonya em meados de 1992, a cantora começou a mostrar sua habilidade no canto e composição, apresentando clássicos como “Maior É Jesus”. E assim como Kleber Lucas e Alda Célia, seus colegas, Ludmila teve uma estreia tímida como cantora solo em 1996, até atrair a atenção da gravadora MK Music.
Da Ludmila pop dos álbuns autorais O Verdadeiro Amor (1998) e Deus É Bom Demais (2000) coordenados pela produção de Emerson Pinheiro, a cantora explorou sua essência numa prolífica fase como artista independente, hoje distribuída pela Sony, que durou cerca de uma década intensa.
Os Sonhos de Deus (2001) inaugurou este período caracterizado por duas séries superficialmente antagônicas – Adoração Profética e Para Orar e Adorar. Enquanto Adoração Profética explorou o lado mais intenso e congregacional de Ludmila, Para Orar e Adorar era leve, reflexivo, suave.
No entanto, Ludmila era tudo isso ao mesmo tempo. No palco, poderia cantar “Nunca Pare de Lutar” (2005) e “Aguenta Firme” (2006) com um olhar penetrante e movimentos típicos de uma cantora de rock, mas também podia interpretar “Ouço Deus Me Chamar” (2005) e “A Doçura do Teu Falar” (2001) como se estivesse sozinha dentro de um quarto.
Com seu estilo despojado e intenso, a cantora parecia indomável. Naquele período, chegou a lançar mais de dois álbuns por ano, entre as duas séries principais e projetos comemorativos, o que acabou contribuindo para que sua discografia se tornasse irregular e confusa. Depois de encerrar as duas séries com A Esperança Vive (2009), ela ofereceu O Poder da Aliança (2011), que tentou abrir o leque de parcerias, mas com repertório desgastado.
Os dois trabalhos mais recentes de Ferber exploraram suas dores e forças. Pra Me Alegrar (2013), apesar de ser concebido durante um amargo fim de casamento, é um álbum maduro, moderno e intimista, uma das melhores safras de sua parceria com o tecladista Sandro Domingues. Em 2019, o conteúdo de Um Novo Começo foi muito maior do que o próprio diagnóstico de Ludmila e se encaixou bem nos tempos difíceis que viriam com a pandemia de Covid-19.
Ludmila Ferber não só ensinou a manter-se resiliente em meio a guerras, como também evitou cair na caricatura de cantora forte, incansável e perfeita. Os boatos de sua morte e toda a sua imagem em torno da doença nos últimos anos são meros detalhes diante da grandeza de seu trabalho e da sensibilidade de sua composição.
Ouças as músicas e saiba mais sobre: Ludmila Ferber
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Tiago Abreu
Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), escreveu para o Super Gospel entre 2011 a 2019. É autor de várias resenhas críticas, artigos, notícias e entrevistas publicadas no portal, incluindo temas de atualidade e historiografia musical.
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