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Maurício Soares, diretor executivo do selo gospel Sony Music Brasil

Redação em 01/03/10 9874 visualizações

Nosso entrevistado é do hoje é o publicitário Maurício Soares.

Maurício atua há 20 anos no setor de marketing de empresas de segmento gospel. No seu currículo temos uma visão arrojada, que contribui para a reestruturação e crescimento de empresas como Mk, Line Records e Graça Music.

Atualmente, Maurício é diretor executivo do selo gospel da Sony Music Brasil.

Você atua a 20 anos no setor de marketing do segmento gospel, trabalhando em empresas como a Line Records, o Toque no Altar Music e a Graça Music. De forma geral, como você enxerga esse mercado?

Também tive passagem pela MK Publicitá que foi a primeira gravadora gospel que trabalhei e onde aprendi muitas coisas. Analisando as gravadoras de nosso segmento é notório que há um esforço muito grande por realizar algo consistente em termos de produção artística, marketing e promoção.

No entanto, há uma falta crônica de profissionais neste segmento e esta ausência de capacitação profissional acaba acarretando em defasagem do mercado gospel perante o mercado secular. Esta defasagem estou percebendo nitidamente ao conhecer melhor a estrutura da Sony Music. Realmente ainda estamos alguns anos atrasados em termos de promoção, qualidade técnica de produção musical, distribuição e anos-luz atrasados em relação a mercado digital e novos negócios.

Já no tocante ao mercado gospel como nicho de consumo e negócios, o segmento é potencialmente interessante. Com as projeções de crescimento para as próximas décadas, este é um mercado que merece muita atenção.

Agora você é o diretor executivo da Sony Music, uma empresa internacional, que decidiu investir firme no segmento. Existe alguma diferença pontual em relação a Sony e as empresas que trabalhou antes?

Sem dúvida o foco de trabalho. Infelizmente as gravadoras do mercado gospel têm muitos focos além da música, que deveria ser o business core do processo. Não estou dizendo que as gravadoras evangélicas têm que abdicar da premissa em distribuir música como ferramenta de evangelização, não é isso! O que estou dizendo é que além desta visão espiritual, as empresas têm foco em política, em atender a uma denominação eclesiástica e coisas do gênero.

Na Sony Music respira-se 24h música e business. Já andei lendo na web comentários de pessoas questionando a entrada da Sony Music no mercado gospel por se tratar de uma empresa multinacional que visa lucros. Isso é uma falácia absurda! Afinal qualquer empresa comercial deve ter como objetivo o lucro em suas operações e com as gravadoras evangélicas isso não deve ser diferente! Acho muito pior a gravadora gospel não trabalhar de forma profissional e ao fim do mês ter que receber “vendas salvadoras” da igreja para pagar suas contas.

A Sony Brasil já tem uma relação dos artistas internacionais que ela pretende distribuir? Ela trará alguma novidade?

Já estamos na fase final de acertos para distribuirmos com exclusividade no Brasil os catálogos da Verity e Provident. Estes catálogos nos EUA são da própria Sony Music. Tem alguns outros selos e gravadoras internacionais que já começamos a conversar e a receptividade tem sido muito boa.

Creio que o projeto internacional da Sony Music Brasil vai nos surpreender em resultados. Vamos incrementar os projetos de nossos artistas nacionais com as participações de artistas de nosso cast estrangeiro. Creio que iremos promover uma maior aproximação dos artistas gospel internacionais com o mercado nacional, inclusive promovendo turnês deles em nosso país.

Nota do Super Gospel: O selo Provident, citado por Maurício, possui artistas como Casting Crowns, Fireflight, Jars of Clay, John Waller, Krystal Meyers, Leeland, Michael W. Smith, Pillar, Red, Third Day e outros. Já do selo Verity fazem parte Marvin Sapp, Fred Hammond, entre outros.

E quando aos artistas nacionais? Já existe alguém em mente?

A primeira contratação é a Banda Resgate (Ex-Gospel Records) e na sequência estaremos assinando com artistas pentecostais, pop, adoração. Teremos muitas novidades já a partir dos próximos dias. Nossa intenção é montar um cast que seja bem amplo em termos de estilos dentro da música gospel. Imagino que teremos entre 15 a 20 artistas em um ano de trabalho nos mais variados segmentos e estilos musicais.

Novos cantores e bandas nacionais terão espaço no casting da gravadora, ou a idéia é somente trabalhar com artistas já renomados no meio gospel?

No primeiro momento estamos investindo na contratação de artistas mais consolidados, mas em nenhum momento estaremos fechados a oportunidades e novos talentos. Por uma questão de foco precisamos neste momento inicial buscar os nomes mais fortes, mas havendo algum jovem talento de muita qualidade à disposição no mercado, estaremos estudando a possibilidade.

Podemos esperar mais shows de bandas e cantores internacionais no Brasil, ou isso não é relevante para a Sony?

Isso é muito relevante e estratégico para nosso projeto. Junto à nossa empresa de agenciamento e promoção de eventos, Day1, estamos desde já planejamento trazer artistas internacionais para turnês pelo Brasil. Já fomos procurados inclusive pelo promotor de um grande e tradicional evento gospel para viabilizar a vinda de um artista internacional em 2011.

Entendemos que para incrementar as vendas do artistas no Brasil é fundamental que ele marque presença em nosso país.

Como você vê o cenário atual de louvor e adoração no Brasil?

Acho que a música gospel no geral precisa respirar novos ares, principalmente na questão de composição. Particularmente entendo que a prática cristã, a Bíblia, seus ensinamentos, a experiência sobrenatural de nos relacionarmos com Deus ... tudo isto é tão rico, é tão poético ... que acho que nossos compositores exploram muito pouco estas possibilidades em suas letras.

Há uma repetição de temas e assuntos ... isso acaba empobrecendo nosso cancioneiro gospel. Creio que neste momento estejamos vivendo um momento de “entresafra” pós Diante do Trono, pós Toque no Altar. A tendência do momento é adoração pop rock e a tendência permanente é a música pentecostal.

A cada dia mais vemos crescer o uso de meios eletrônicos, como o Twitter, o MySpace, Orkut, Youtube, entre outros, para divulgação do trabalho. O que você acha dessas novas opções de mídia?

São ferramentas de divulgação que nenhum artista ou gravadora pode abrir mão. O conceito de marketing viral já está sendo utilizado largamente pelas grandes corporações. Aqui mesmo na Sony Music temos em nossa equipe, funcionários específicos para atuarem junto às redes sociais.

Infelizmente temos artistas gospel com carreiras de sucesso que sequer atualizam seus sites oficiais. A Mariana e o André Valadão para mim são exemplos de artistas gospel que sabem utilizar estas ferramentas de forma positiva e inteligente.

Já tivemos aqui algumas entrevistas comentando o problema da pirataria. Como você enxerga essa questão?

É um mal que não se justifica no meio da igreja evangélica. A pirataria física vem diminuindo gradativamente nestes últimos anos, mas a pirataria virtual vem crescendo muito. Tenho entrado em alguns sites gospel e me estarreço ao ver que tem pessoas que justificam downloads ilegais com o argumento de que é uma forma de evangelização, como se Deus precisasse de artifícios ilegais para que Sua Palavra fosse pregada a toda criatura. É um absurdo!

De certa forma, hoje em dia é bem mais fácil gravar um cd do que a 10 anos atrás. Então vocês devem receber muitos trabalhos para serem avaliados. Como sua equipe administra isso?

Eu mesmo procuro ouvir os trabalhos que chegam para avaliação. Criei algumas formas para adiantar esse processo e em pouco tempo de audição consigo analisar se é viável ou não aquele artista ou produto. Geralmente os melhores produtos são indicações de outros artistas ou pessoas do mercado. Encontro sempre algo potencial, mas também recebo muita coisa ruim. Faz parte do meu ofício e aceito este trabalho com calma e tranqüilidade.

Para encerrar. O que você poderia nos adiantar em relação aos investimentos da Sony para 2010?

Nossa meta é promover uma melhora sensível na qualidade das produções do meio gospel. Vamos investir maciçamente na divulgação de nossos artistas. Pela primeira vez terei uma verba específica para trabalhar a mídia e divulgação de cada produto. É importante ressaltar que não somos um projeto, mas uma divisão de negócios da Sony Music.

A expectativa da direção da gravadora no Brasil é a melhor possível e tenho me sentido muito bem acolhido na empresa. Os funcionários de minha equipe estarão integrados diretamente aos departamentos da gravadora. Haverá sem dúvida uma troca de conhecimentos entre as equipes e os resultados serão visíveis em pouco tempo no mercado.

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