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Ouvimos o primeiro CD do Trazendo a Arca pela Canzion Brasil - Na casa dos profetas. Veja nossa opinião

Tiago Abreu em 22/03/13 9188 visualizações
O Trazendo a Arca lança, em 2012 o seu nono álbum inédito de título Na Casa dos Profetas, agora já tendo uma história de sucesso que completou dez anos.

O projeto foi produzido pela própria banda, formada por Luiz Arcanjo (voz, composições e violão), André Mattos (bateria), Deco Rodrigues (baixo e composições) e Isaac Ramos (guitarra e violão). Ronald Fonseca deixou a banda, sem qualquer anúncio oficial. A maioria das composições são de Luiz Arcanjo em parceria com Ronald, além dos arranjos, todos de sua autoria.

Pela influência que Ronald exercia na concepção de arranjos e nas composições, sua ausência da banda chega a ser um desfalque maior que a saída do ex-vocalista Davi Sacer, em 2010. Para substituir Ronald, parcerias foram firmadas para a gravação deste trabalho, algumas antigas, outras que são novidades.

O músico Jamba ficou a cargo dos teclados, masterização, mixagem e captações de voz e baixo. Bene Maldonado, guitarrista do Fruto Sagrado esteve responsável pelas captações de guitarra do trabalho. O disco ainda conta com uma orquestra de cordas e um back vocal e um coral formado por cerca de dez cantores. Não há nenhum naipe de metais, e uma captação ao vivo foi feita, porém não incluída na master final. O projeto gráfico foi produzido por David Cerqueira, da Agência Excellence.

Celebrai inicia com um fortes riffs de guitarra, e em seguida a presença maciça do baixo, mas sem a presença de teclados. A ruptura da sonoridade em comparação ao trabalho anterior, Entre a Fé e a Razão, é vista de imediato. A letra é bem simples e congregacional.

A faixa-título, Na Casa dos Profetas segue a vibe pop rock que o grupo estava trazendo com maior força desde o álbum Salmos e Cânticos Espirituais. A parte pós-refrão é interessante, principalmente com sua letra marcante, que diz: “profetiza, profetiza, profetiza, até Saul na casa dos profetas”.

Kabod possui um excelente execução da bateria por André Mattos, um dos instrumentistas mais conceituados do segmento evangélico. Destaque para o instrumental e a interpretação dos back vocais. A letra, que versa sobre a Kabod (a glória de Deus) sendo derramada sobre nós é uma das melhores do repertório.

Indo ao momento mais lento do repertório, temos a balada Isaías 45, que lembra canções mais antigas da banda, tanto em letra, quanto em arranjo. Versando sobre prosperidades, e escrita em primeira pessoa, poderia ter sido melhor produzida, embora ainda esteja regularmente boa.

Tu És Fiel tem uma introdução conduzida pela guitarra, algo não muito comum nas canções do grupo. Isso lembra uma mudança de sonoridade muito característica ao que o Diante do Trono fez a partir de Sol da Justiça (2011).

O ponto alto do CD é a canção Fala Comigo, que possui um dos melhores arranjos e versos do repertório. A canção, que conta com uma introdução intimista, cresce progressivamente, até alcançar um refrão rock.

Graça é o single do disco, e era uma das candidatas a título do álbum. Bem leve, com um belo arranjo de cordas orquestrado por Quiel Nascimento, não difere muito das canções do álbum Entre a Fé e a Razão. Emenda com uma das poucas ministrações do repertório.

A oitava música, Quero ser como Tu, tem a letra mais confrontante do repertório. Estarmos no centro da vontade de Deus, mas privarmos do nosso orgulho, da vontade de sermos exaltados. A combinação do teclado e das cordas na introdução ficou agradável de ouvir.

Com a participação de Marcos Brunet, bastante conhecido em vários países da América Latina, o Trazendo a Arca grava sua terceira versão de toda a carreira, com Minha Inspiração, que possui uma excelente letra, mas uma falta de esmero na produção musical, já carregada nas faixas anteriores, que deixa a desejar.

Canção pra Tua Glória segue o clima de exaltação das faixas anteriores, e se destaca pelo som percussivo, e ao mesmo tempo leve da bateria. Os arranjos de cordas são marcantes no instrumental.

Um vocal marcante se encontra em A Bênção de José, além dos arranjos de base muito bem executados, contrastando com a interpretação leve de Luiz Arcanjo. Em Magnífico Deus, destaque para os riffs da guitarra e a força do baixo. Arcanjo contrasta sua interpretação com os backs. É unida à Nós Queremos Trazer a Tua Arca, que é um espontâneo.

Na Casa dos Profetas, musicalmente falando, é um disco bastante diferente do anterior Entre a Fé e a Razão. É um álbum de guitarras, linhas de baixo mais "agressivas" e de bateria mais presente. Os arranjos de base nunca ganharam tanto destaque. Em contrapartida, a produção musical está muito abaixo do que se espera do Trazendo a Arca. A sonoridade do grupo, outrora carregada e preenchida pela variedade de instrumentos no arranjo, agora abriga um vazio perceptível. Portanto, é necessário que, no próximo disco, o Trazendo a Arca traga de volta a excelência na produção musical, tão marcante nos projetos anteriores.
Na Casa dos Profetas

(CD) 12/12


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Tiago Abreu

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), escreveu para o Super Gospel entre 2011 a 2019. É autor de várias resenhas críticas, artigos, notícias e entrevistas publicadas no portal, incluindo temas de atualidade e historiografia musical.


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