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Ouvimos o novo disco de Kleber Lucas - O Filho de Deus. Confira nossos comentários

Tiago Abreu em 04/05/15 2684 visualizações
Kleber Lucas é certamente um dos cantores mais subestimados da esfera gospel. São poucos os músicos que realmente conseguem imprimir, em seus trabalhos vários estilos e propostas musicais sem soarem forçados.

Kleber é um desses. Você pode ouvi-lo fazer um som pop como o álbum "Pra Valer a Pena", ou migrar para o congregacional em "Casa de Davi, Casa de Oração". O requinte também pode ser encontrado em seus registros, como o cult "Comunhão", que trouxe composições poéticas executadas por um time de instrumentistas consagrados, ou até mesmo um pop rock mais comum, como o de Meu Alvo.

Talvez o próprio Kleber considere que trilhar um caminho musical pouco óbvio seja um risco enorme, o que reflete a tendência pop rock mais comercial de seus últimos trabalhos. Por conta disso, Profeta da Esperança foi um adequado retorno do artista ao absoluto mainstream, com canções radiofônicas que atraíram o gosto do público em igrejas de todo o país. Agora, em 2014, o artista mantém a proposta em O Filho de Deus, seu mais recente trabalho.

Após deixar para trás uma parceria longa com o produtor Rogério Vieira, a gravadora MK Music preferiu trazer o tecladista da banda de Davi Sacer, o músico Kleyton Martins para produzir seu cast. A escolha é um tanto quanto arriscada, porque no mesmo nível em que Martins soa concentrado e cuidadoso em suas obras, o produtor não parece acrescentar aos discos que produz. Ele não deve em nada, mas não surpreende. "O Filho de Deus" é um bom álbum no que se propõe a fazer, mas em momento algum seu êxito se deve a aspectos técnicos. São as composições de Kleber, em parceria com Pr. Lucas que roubam a cena.

A captação de vozes soa empolgante nas faixas mais agitadas, principalmente em relação à canção que abre o álbum. A produção vocal de Jairo Bonfim não é um dos grandes pontos do projeto, mas a cozinha que executa o repertório dispensa comentários, principalmente o baixista Rogério dy Castro. A Cruz Vazia, escolhida como a música de trabalho possui todos os elementos exigidos em um single, enquanto as temáticas do repertório são coerentes e revelam que o disco não é afetado por aleatoriedade. As cordas, arranjadas por Quiel Nascimento desempenham um papel fundamental em algumas canções, utilizando-se de introduções contemplativas.

No geral, O Filho de Deus foi um dos melhores lançamentos da MK Music em 2014, com alguns deslizes triviais. A gravadora ainda insiste em transformar seus projetos gráficos em books fotográficos, mas ainda consegue sair-se melhor do que suas concorrentes em produzir artisticamente seus artistas em direção ao apelo comercial. Isso mostra que Kleber Lucas ainda tem muito o que acrescentar à cena musical, mesmo que prefira estar na zona de conforto.

Nota: ★★★☆☆
O Filho de Deus

(CD) 01/14


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Tiago Abreu

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), escreveu para o Super Gospel entre 2011 a 2019. É autor de várias resenhas críticas, artigos, notícias e entrevistas publicadas no portal, incluindo temas de atualidade e historiografia musical.


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