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The Great Fall (Narnia)

Redação em 27/06/05 10264 visualizações
Com três bons CDs no currículo, a banda sueca Narnia agarrou o grande desafio de produzir um quarto trabalho que satisfizesse as grandes expectativas do público conquistado pelos álbuns anteriores. Gravado na Suécia, no estúdio The Dream Factory, e lançado em 2003, “The Great Fall” é um ótimo CD que se mantém fiel aos discos anteriores (incluindo o já tradicional leão na imagem de capa), ainda assim acrescentando novidades bem-vindas ao estilo. O Narnia mostra novamente porque é reconhecido como um dos maiores grupos cristãos de heavy metal melódico da atualidade.

Diferente dos anteriores, este é um álbum conceitual, o que significa que uma estória é contada pelas músicas, e elas todas possuem ligações entre si. As músicas contam a trajetória de um soldado e sua busca interior pelo sentido da vida, trajetória que pode ser aplicada à humanidade de forma geral. É um disco bem crítico e filosófico, podendo parecer pessimista quanto ao futuro da humanidade, mas nos levando a pensar em como estamos conduzindo nossas vidas.

A primeira faixa, “War preludium”, é um pequeno monólogo do soldado, que serve de introdução para a segunda faixa, “The countdown has begun” a primeira música do CD, que é um belíssimo heavy metal melódico muito complexo que demonstra a grande habilidade de todos os músicos da banda, destacando-se o guitarrista Carl Johan Grimmark, líder do grupo e autor de todas as melodias do álbum. É um dos pontos altos do CD.

Em seguida, “Back from hell” é uma música que pode surpreender e até desagradar alguns fãs, alternando momentos leves e um refrão com guitarras e vocais bem pesados, mostrando algumas mudanças em relação às antigas composições da banda. “No time to lose”, por outro lado, é uma faixa que lembra o estilo do disco anterior, Desert Land, com a marcação forte da bateria, é uma música mais lenta com uma letra evangelística muito bonita, e
um belo solo de guitarra ao final.

A quinta faixa, “Innocent blood” possui uma letra bem atual e filosófica que trata dos conflitos no Oriente Médio, novamente com uma instrumentação muito boa e um refrão marcante.

A segunda parte do CD começa com uma faixa instrumental, “Ground zero”, possível alusão ao nome do local onde caíram as torres gêmeas em Nova York. Com destaque à forte presença do contrabaixo, a música é bem arranjada, mas pode se tornar repetitiva em alguns momentos, especialmente para um instrumental. “Judgement Day” retoma a batida acelerada da banda, começando com teclados seguidos de guitarra e bateria com os clássicos pedais duplos que marcam o estilo musical do Narnia, é uma excelente música, a mais veloz do CD.

Quebrando novamente o ritmo temos “Desert land”, outro instrumental, desta vez só com o violão, é uma música simples e de curta duração, que não impressiona e parece estar no trabalho apenas preenchendo espaço, mas ainda assim é agradável de ouvir. Essa música abre caminho para a nona e última faixa, “The great fall of man”, que com seus quase quinze minutos é a principal música do CD, um verdadeiro épico muito impressionante da banda. Começando apenas com teclados e sons de fundo, a música cresce lentamente, com o aparecimento dos demais instrumentos, e o vocalista Christian Rivel só começa a cantar depois de três minutos de instrumentação. A música varia bastante, com sua levada progressiva e variações interessantes de ritmo e de tempo, o que pode ser de difícil digestão nas primeiras audições, mas com o tempo percebe-se a coesão entre as diversas partes. Nesta música o coral de fundo recebe bastante destaque, cantando ao som de belos riffs de guitarra, intercalado com os vocais de Rivel e do vocalista convidado Eric Clayton. Essa é a faixa com as letras mais críticas e severas do CD, que servem como alerta quanto aos rumos que a humanidade está tomando, e nos lembra que o fim dos tempos está próximo e que “o sol está se pondo sobre tudo que foi deixado inacabado”. Com muita ousadia musical a faixa consegue se manter interessante durante toda sua duração, para então acabar de repente, encerrando o álbum subitamente e de forma impressionante.

The Great Fall é um trabalho admirável, de qualidade musical excelente, em que o Narnia conseguiu muito bem se manter fiel às origens e trilhar novos caminhos musicalmente. As letras também estão mudadas, e trazem novos ares à banda. Talvez a maior falha do CD seja o fato de serem apenas nove faixas (apesar de seus 54 minutos), e dessas nove faixas, dois instrumentais e uma introdução. No conjunto da obra é um disco muito bom que ao final deixa o ouvinte querendo mais.
The Great Fall

(CD) 01/03


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